segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Professores contratados estão no desemprego. Centros de Emprego registam afluência de milhares de professores desempregados





Milhares de professores estão hoje nos centros de emprego de norte a sul do país para receberem o subsídio de desemprego
 
Os docentes em causa terminaram o contrato com o Estado a 31 de agosto e estão nesta altura sem qualquer vínculo, isto é, no desemprego.
No centro de emprego de Vila Nova de Gaia eram 4 horas da manhã quando chegaram os primeiros professores chegaram ao local
 Neste centro de emprego, César Paulo, presidente da Associaçao Nacional de Professores Contratados, ouvido pela TSF, acusou o Governo de deixar os docentes numa situação precária durante décadas.
 
Informação da TSF
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Associação Nacional de Professores Contratados
A ANVPC tem por propósito intervir na política educativa de forma a salvaguardar os direitos e interesses dos Professores Contratados, interpretando a Educação como um dos pilares fundamentais da nossa sociedade, que se constitui como um elemento crucial para responder às exigências competitivas de um novo mundo caraterizado pela tecnologia, pela globalização e pela comunicação.
A realização do nosso desígnio assenta na melhoria da qualidade do serviço educativo e das aprendizagens, bem como na valorização e no desenvolvimento pessoal e profissional dos docentes, como condições essenciais do prestígio e da dignificação da profissão docente e na promoção de um ambiente de estabilidade, de confiança e de colaboração ativa na escola.
 
 

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

À Memória de Rachel Corrie



( nunca esqueceremos a tua solidariedade)

Rachel Corrie era uma rapariga estudante norte-americana de 23 anos que, por solidariedade internacional, se deslocou a Rafah, na Palestina, quando os tanques e as tropas israelitas invadiram, ocuparam terras palestinianas, destruindo e matando pessoas e bens.
Em 16 de Março de 2003 numa tentativa para travar essa onda de destruição e morte, Rachel colocou-se à frente de um bulldozer do exército israelita para evitar o derrube de mais uma casa de uma família palestiniana. Foi então que o potente bulldozer avançou, matando Rachel, o que constituiu um verdadeiro assassínio deliberado.

O veículo usado é da marca Caterpillar que continua a vendê-los a Israel, apesar de todos saberem que são usados para derrubar casas palestinianas e árvores, em especial oliveiras., causando prejuízos incalculáveis.

Os amigos e companheiros de Rachel decidiram assim, em sua memória, escrever uma carta à Caterpillar a fim de lhe solicitar que deixe de vender aquele tipo de máquinas para Israel.

Esta previsto ainda um meeting à frente das instalações da Caterpillar para daqui a um mês ( a 16 de Abril) com a apresentação de provas dos danos causados com este tipo de vaículo por parte do israelitas.


Website dedicado a Rachel Corrie :
http://www.rachelcorrie.org




Reproduz-se o conteúdo da carta que irá ser enviada à empresa Caterpillar. Todos que quiserem solidarizarem-se poderão igualmente , utilizando o mesmo modelo de carta, escrever uma carta a fim de prestar solidariedade à memória de Rachel, e de todos os palestinianos vitimas do arbítrio e da violência do Estado e do Exército israelita:


Caterpillar Financial Services Ltd,
2405 Stratford Road, Solihull B94 6NW
8 March 2005
Dear Sir/Madam,
RE: Anniversary of Rachel Corrie's death
Two years ago, a 23-year-old American student named Rachel Corrie was crushed to death as she tried peacefully to prevent the destruction of a Palestinian family home in the Rafah refugee camp, Gaza.
The bulldozer which killed her was made by your company. Unfortunately, despite international protests by human rights groups, your organisation continues to sell the D9 Armored Bulldozer to Israel, whose government has continued to use it to demolish homes and agricultural areas in the occupied territories, in contravention of numerous UN resolutions and international law.
On behalf of the Palestine Solidarity Campaign we are therefore writing to let you know that a small group of us intend to lay a wreath at your offices on 16th March, the anniversary of Rachel Corrie's death. We would like an opportunity to meet with representatives of the management to talk to them about Rachel's life and death and to urge Caterpillar to stop doing business with Israel until it respects the human rights of the Palestinian people.
Yours faithfully,

A Sonae superou a antiga CUF !



Pelos dados fornecidos ultimamente chega-se à conclusão que o actual grupo económico português, onde pontifica o capitalista Belmiro de Azevedo, registou 6,63 mil milhões de euros de facturação no ano de 2004.

Comparativamente com o grupo da CUF, que dominava a economia portuguesa durante o regime de Salazar-Caetano, a actual Sonae representa, em termos percentuais, mais no PIB nacional que a CUF em 1974.

Se nos recordarmos que o regime político derrubado em 1974 se caracterizava por uma economia fortemente proteccionista e corporativa, associando estreitamente o poder económico e o poder político ( falava-se de capitalismo monopolista de Estado), podemos facilmente concluir que hoje em dia o cenário é substancialmente o mesmo em termos de poderio económico e de orientação política.
Notícia do Expresso:

Sonae vende 5,2 % do PIB português

HÁ 30 anos, o grupo CUF representava 5% do PIB e empregava 110 mil trabalhadores. Hoje, a Sonae vale 5,2% do PIB nacional e 35% dos €6,63 mil milhões da sua facturação resultam do exterior. Em 12 países emprega 58 mil pessoas, um pouco mais de metade em Portugal.

Harold Pinter deixa o Teatro para criticar e denunciar os políticos


O conhecido dramaturgo inglês considera que o actual clima político é muito preocupante

O dramaturgo Harold Pinter, uma das figuras mais importantes não só do teatro mas da cultura britânica de todo o século XX decidiu abandonar a actividade criadora para dedicar-se, a tempo inteiro a criticar a "preocupante" forma de actuar dos políticos.

Pinter, de 74 anos, autor de obras como "A festa de aniversário" (1958), "O porteiro" (1960) ou "Velhos tempos" (1971), confessou que, depois s de 29 peças teatrais, continuará a escrever poemas, mas não peças de teatro.
O clima político actual «é muito preocupante», declarou Pinter à cadeia BBC ao explicar a sua decisão

Quando jovem, Harold Pinter sempre assumiu o seu antimilitarismo e negou, inclusivamente a fazer o serviço militar, invocando a objecção de consciência.

O seu activismo político e pacifista tem vindo a ser cada vez mais notório com a invasão e ocupação do Iraque ao ponto de ter qualificado Tony Blair como «criminoso de guerra» que gosta de exibir um repugnante sorriso cristão, segundo as palavras do dramaturgo.
Também não poupou os Estados Unidos que, sob a liderança de George W.Bush, considera ser um país dirgido por um bando de delinquentes.

Recorde-se que, alguns meses atrás, Harold Pinter juntou-se a um grupo de pessoas, entre as quais o actor Corin Redgrave, e o produtor discográfico Brian Eno, para assinar um pedido de impugnação de Blair, como primeiro-ministro.

Harold Pinter mostrou-se também muito crítico nos últimos dias a propósito da polémica lei antiterrorista recentemente aprovada pelo Parlamento inglês que reforça o poder do ministro do Interior, e das autoridades policiais, em detrimento do poder dos juízes para fins de busca domiciliária a simples suspeitos.

(post de 16/3/2005)



Brevíssimo panorama das Artes Plásticas pós-1945

Expressionismo Abstracto
Uma das consequências da II Grande Guerra foi a transferência do centro artístico de Paris para Nova Iorque que assistiu ao rápido florescimento da arte norte-americana por efeito de diversos factores entre os quais a emigração de artistas e a receptividade e potencialidades existentes nos EUA para as propostas mais experimentais.
Não admira que a chamada Escola de Nova Iorque tenha marcado a época, com nomes como Arshille Gorky (1904-1948), que utilizou o automatismo surrealista numa vertente mais abstracta a estabelecer a transição para o Expressionismo Abstracto, valorizando mais o processo que o produto do seu trabalho, assim como são de apontar nomes como Robert Motherwell (1915-), Willem de Kooning (1004-), que é uma das figuras mais proeminentes do Expressionismo Abstracto americano, e principalmente Jackson Pollock (1912-1956), este último por ter desenvolvido o automatismo pictórico, a action painting (pintura de acção), e novas técnicas como o dripping, que consistia em verter tinta ou deitar pingos e manchas sobre a tela.
Outros artistas como Barnett Newman (1905-1970), Mark Rothko (1903-1970), Franz Kline ( 1910-1962) e Clyfford Still (1904-1980) inspiraram-se mais nos princípios do abstraccionismo ( de Malevitch ou de Mondrian).
Arte Informal
Simultaneamente desenvolveu-se na Europa uma tendência igualmente abstracta e expressionista designada por Arte Informal, uma pintura sem formas, sem quaisquer referências figurativas ou geométricas. Dentro desta tendência encontramos o Tachismo ( do francês tache, mancha) de Henri Michaux (1899-1984) e Hans Harting (1904-1989) que traduzem o impulso criativo em manchas e em grafismo automáticos de inspiração oriental.
Outra linha artística foi desenvolvida pela «pintura matérica» de Jean Fautrier (1898-1964) e Jean Dubuffet (1901-1985) cujos processos expressivos misturam diversas matérias e substâncias sobre a tela
Dubuffet designou a sua pintura de Arte Bruta, não só pelo modo de emprego dos materiais, mas também por aspirar a uma arte «em bruto», primitiva, infantil, sem referência culturais ou artísticas.
Este mesmo espírito «brutalista», primitivista e existencialista presidiu à fundação do grupo CoBrA ( as iniciais de Copenhaga; Bruxelas e Amsterdão, cidades dos seus mentores) em 1948, por Karl Appel (1921-1949), Asger Jorn (1914-1973) e Pierre Alechinsky (1927-1958), entre outros. Inspiram-se no imaginário fantástico do folclore nórdico e na simbologia mística.


Novo Realismo

Nos finais da década de 50 surge em Paris uma reacção contra o gestualismo do Expressionismo Abstracto e as metamorfoses anamórficas da Arte Informal, apelando a uma relação mais próxima com a realidade e os assuntos do quotidiano.
O Novo Realismo foi a designação encontrada pelo crítico Pierre Restany para dar a conhecer o manifesto do Novo Realismo publicado em1960, defendendo «a apaixonante aventura do real captado em si mesmo e não através do prisma da transcrição conceptual ou imaginativa», e referindo-se aos trabalhos de Arman (1928-), César (1921-), Yves Klein (1928-1962) e Daniel Spoerri (1930-), entre outros, que se caracterizavam pela utilização de objects trouvés (objectos recolhidos no quotidiano) segundo a técnica de assemblage, isto é, composições de objectos e materiais desperdiçados, fragmentos montados e reorganizados, cartazes rasgados e descolados, numa experiência estética com fins poéticos que propunha uma reflexão nova sobre o objecto e sobre a vida.

Foi com fundamentos similares, e reabilitando igualmente a representação figurativa, que se desenvolveu a Pop Art ( abreviatura de popular art), um movimento que inspira o seu programa na cultura urbana, nos mass media e nos objectos produzidos pela sociedade de consumo. Se bem que tenha sido e Inglaterra que, em 1956, Richard Hamilton (1927-1967) apresentou «O que é que faz exactamente os lugares de hoje tão diferentes, tão atractivos?», uma collage de grande alcance crítico relativamente ao consumismo, foi nos EUA que a Pop Art exprimiu todo o seu significado.
A partir dos seus precursores, Robert Rauschenberg (1925-) e Jasper Jones (1930-) que ensaiaram a transformação de produtos banais em objectos artísticos, nomes como Tom Wesselmann (1931-) com os seus «Grandes Nus Americanos», James Rosenquist (1933-), reelaborando o universo de imagens estereotipadas da cultura urbana, Claes Oldenburg (1929-), com ampliações dos ícones americanos, Roy Lichtenstein (1923-1997), com o uso da Banda Desenhada, mas principalmente, Andy Warhol (1928-1987) converteram a Pop Art num fenómeno genuinamente pop, experimentando novas técnicas como a fotomontagem e a serigrafia, sempre com um sentido irónico.

Nos finais dos anos 60 surgia outra manifestação do realismo contemporâneo: o Hiper-realismo que acentua a sua aproximação ao mundo, reproduzindo-o meticulosamente com uma «objectividade fotográfica» ( a partir de colossais ampliações fotográficas), tornando a realidade insustentavelmente real. Nomes: Richard Estes, Chuck Close.


Arte Cinética


A Arte Cinética ( do grego Kinesis,movimento) associa-se à obra de Alexander Calder ( 1898-1976), um escultor americano que, a partir dos anos 30, conferiu mobilidade às suas esculturas, suspendendo no tecto elementos metálicos unidos uns aos outros por arames. Os «mobiles» integravam o movimento como factor primordial de manifestação estética da obra.. Calder também executou estruturas apoiadas no solo, os «stabiles» que deixavam transparecer igualmente uma forte dinâmica através da articulação entre a forma e açor.

Op Art

Esta linha estética foi prosseguida com a Op Art ( abreviatura da Optical Art) por via dos trabalhos de Victor Vasarely (1908-) e Bridget Riley (1931-). Convocando a participação involuntária do espectador, estas obras privilegiam os elementos visuais sobre os expressivos, produzindo uma série de efeitos e ilusões ópticas, de modo a gerar sensações de movimento e a provocar a sua instabilidade perceptiva.

Minimalismo


Talvez como resposta à explosão iconográfica da sociedade de consumo e da cultura pop tenha emergido o silêncio e a acção mínima com a redução dos efeitos expressivos da obra à simplicidade extrema. Tal foi a proposta da Minimal Art, que se desenvolve nos EUA ao longo das décadas 60 e 70, e caracterizando-se pela apresentação de objectos unitários, repetição de estruturas primárias, matrizes lineares e grelhas com uma precisão matemática, cujas formas eram integradas e relacionadas com o espaço envolvente, invocando uma experiência física do espectador com a obra. Artistas como Donald Judd (1928-1994),Richard Morris (1938-), Dan Flavin (1933-), Rochard Serra (1939-), Carl André (1935-) e Sol LeWitt (1929-) privilegiaram a ordem, a clareza, e a simplicidade em trabalhos puramente abstractos, objectivos e anónimos, já que a indiferença do artista perante a obra é uma das características do Minimalismo.

Arte Conceptual


A utilização de meios mecânicos e das tecnologias modernas na produção artística distanciava cada vez mais os artistas da execução da obra, fazendo prevalecer a ideia ou o suporte conceptual que a gerara. Sol LeWitt fixa em 1968 o termo de Arte Conceptual para se referir a um projecto artístico no qual a «ideia» era mais importante do que «a obra» em si.
A Arte Conceptual tornou-se então num fenómeno artístico a partir de 1965 ao abolir radicalmente o «objecto artístico» e desviando a atenção para o processo, e toda a documentação que o acompanha, como textos, mapas, diagramas, vídeos, fotografias, perfomances que são exibidos numa galeria ou num local específico.
Este entendimento do «artista conceptual» como um fazedor de ideias mais do que objectos, tal como foi definido por Joseph Kosuth (1945-), Lawrence Weiner (1940-) ou Victor Burgin ( 1941-) veio fragilizar as noções tradicionais de artista e objecto artístico, questionando a própria linguagem da arte.

Land Art ( Artes da Terra)

Todo este questionamento provocou uma série de novas experiências artísticas que marcaram os finais dos anos 60 e inícios dos anos 70, e que rejeitando a impetuosidade do informalismo assim como o kitsch legitimado da Pop Art, pretendiam renovar e transgredir as normas e os conceitos estabelecidos, alargando a actividade artística a campos e a universos até então inexplorados. Estas novas expressões vão aspirar a uma liberdade total e a expandir a sua acção a operações de todo o género. Para tal apropriam-se das paisagens, dos ambientes, das tecnologias, dos materiais e de todas as linguagens para introduzir o puro acto estético. Estamos em pleno processo de desmaterialização do objecto artístico.

Um exemplo foi dado pela Land Art ( Artes da Terra), que abandonam o atelier e reformulam a linguagem da arte.. A Land Art tem como protagonistas, entre outros, Robert Smithson (1938-1970), Michael Heizer, Richard Long (1945-), Walter de Maria (1935-). Os seus earthworks (trabalhos da terra) caracterizam-se por intervenções de carácter efémero na paisagem, rural ou urbana, reelaborando a natureza e inscrevendo a sua presença física no território.

Arte Povera


A Arte Povera (Arte Pobre), de origem italiana, que emerge a partir de 1967, explora as propriedades físicas e químicas de materiais vulgares e insignificantes, numa tentativa de fundir a natureza com a cultura. Nomes como Mário Merz (1925-), Michelangelo Pistoletto (1933-), Giuseppe Penone ( 1947-) propuseram uma reflexão sobre a vida contemporânea e sobre a relação do home com a envolvente, numa atitude precária, anti-informal e anticomercial que se limitava à interpretação da matéria e das qualidades físicas do meio e dos elementos naturais.

Perfomances e Happenings

A ideia de que o objectivos da arte não é representar a vida mas sim fazer parte dela, constitui uma das novas e mais persistentes tendências contemporâneas.
Joseph Beuys (1921-1986) foi um dos pioneiros de «acções publicas» ou happenings, a forma mais incisiva de interferência artística na vida e no quotidiano. Beuys utilizava nas suas perfomances materiais insólitos e pouco ortodoxos, subvertendo-lhes o sentido e associando-os a ideias, conceitos, valores, etc.

O Happening (acontecimento) foi criado por Allan Kaprow (1927-) e praticado por artistas como Claes Oldenburg (1929-), Jim Dine (1935-), etc, consistindo numa representação teatral, improvisada ou encenada, integrando a envolvente e o próprio espectador na sua acção.

Body Art
Quando o artista integra o seu próprio corpo na perfomance temos a chamada Body Art, tal como acontece com os artistas Vito Acconci (1940-), Arnulf Rainer (1929-), Dennis Oppenheim (1938-).


(excertos do livro de Paulo Simões Nunes, História da Arte, ed. Lisboa)

As mulheres do Kerala contra a Coca-Cola


Artigo de Vandana Shiva, publicado no Le Monde Diplomatique, de Março de 2005.

Vandana Shiva é Diretora da Research Foundation for Science, Technogloy and Ecology (Índia),
e autora de
A Guerra da Água, L’Aventurine, Paris, 2003
e de A Vida não é uma Mercadoria, L’Atelier, Paris, 2004.


Na Índia, um movimento composto maioritariamente por mulheres impõe derrotas à gigante dos refrigerantes, que explora lençóis freáticos, polui rios e terras e oferece bebida com pesticidas

Expulsa em 1977 pelo governo, a Coca-Cola voltou à Índia em 23 de Outubro de 1993, ao mesmo tempo que outra multinacional norte-americana, Pepsi-Cola se instalava no país. As duas empresas possuem actualmente noventa “unidades de engarrafamento”, que são na realidade nada mais que “unidades de bombeamento”: 52 unidades pertencem à Coca-Cola e 38 à Pepsi-Cola. Cada uma delas extrai entre 1 milhão e 1,5 milhão de litros de água por dia.
Justamente por causa dos seus procedimentos de fabricação, estes refrigerantes apresentam riscos incontornáveis. Primeiro porque o bombeamento dos lençóis praticado por aquelas empresas de engarrafamento despoja os pobres do direito fundamental de dispor de água potável. Depois, porque as empresas lançam dejectos tóxicos que ameaçam o meio ambiente e a saúde pública. Finalmente, porque as sodas são bebidas notoriamente perigosas para a saúde – o Parlamento indiano estabeleceu uma comissão parlamentar mista encarregada de investigar a presença de resíduos de pesticidas.


Exploração poluidora

Durante mais de um ano, as mulheres das tribos de Plachimada, no distrito de Palaghat, no Kerala, organizaram uma série de sit-in para protestar contra a secagem dos lençóis freáticos pela Coca-Cola. “Os habitantes”, escreve Virender Kumar, jornalista do diário Mathrubhumi, “levam sobre a cabeça pesadas cargas de água potável que eles precisam de buscar longe, enquanto camiões cheios de refrigerantes saem da unidade fabril da Coca”. Esta empresa bombeia um milhão de litros de água por dia e às vezes mais. As mulheres são obrigadas a percorrer de cinco a seis Km para buscar água potável, enquanto, ao mesmo tempo, vêm sair das instalações da fábrica entre oito e nove camiões carregados de refrigerantes. Recorde-se que são necessários nove litros de água potável para se fazer um litro de Coca.
As mulheres adivasi de Plachimada começaram seu movimento logo depois da abertura da fábrica da Coca-Cola, cuja produção deveria atingir, em Março de 2000, 1.224.000 garrafas de Coca-Cola, Fanta, Sprite, Limca, Thums up, Kinley Soda e Maaza. O panchayat local havia concedido, sob algumas condições, a autorização para extrair a água com o auxílio de bombas motorizadas. Mas a multinacional pôs-se a extrair, em completa ilegalidade, milhões de litros de água pura em mais de seis poços perfurados por sua conta e equipados com poderosas bombas eléctricas. O nível dos lençóis freáticos baixou drasticamente, passando de 45 metros para 150 metros de profundidade.
Não contente em roubar a água da colectividade, a Coca-Cola poluiu o pouco que restou, despejando as águas emporcalhadas nas perfurações a seco feitas nas suas instalações para enterrar os dejectos sólidos. Antes, a empresa depositava os dejectos do lado de fora, embora, na estação das chuvas, a sua disseminação nos arrozais, nos canais e nos poços constituísse uma ameaça das mais sérias para a saúde pública. Actualmente as coisas mudaram. Mas a contaminação das fontes aquíferas não é menos grave.

Fábrica de doenças

Essas práticas resultaram na secagem de 260 poços, cuja escavação tinha sido garantida pelas autoridades para servir às necessidades de água potável e para a irrigação agrícola. Nesta região do Kerala – chamada “celeiro de arroz”, em razão de um rico ecossistema dotado de água abundante – os rendimentos agrícolas diminuíram 10%. O cúmulo é que a Coca-Cola redistribui aos camponeses, sob forma de esterco, os dejectos tóxicos produzidos pela sua fábrica. Os testes efectuados, no entanto, mostraram que este esterco tem um forte teor de cádmio e de chumbo, substâncias cancerígenas.
Representantes de tribos e de camponeses denunciaram então a contaminação das reservas aquíferas e das fontes, além das perfurações efectuadas a torto e a direito que comprometeram gravemente as colheitas. Eles reivindicaram principalmente a protecção das fontes de água potável tradicional, dos mangues e mananciais, a manutenção das vias navegáveis e dos canais, o racionamento da água potável.Intimada a explicar-se sobre seus procedimentos, a Coca-Cola recusou-se a fornecer ao panchayat as explicações requeridas. Em consequência, este último notificou da suspensão de sua licença de exploração. De imediato, a multinacional tentou comprar o presidente da comissão, Anil Krishnan, oferecendo-lhe 300 milhões de rúpias. Em vão.
Todavia, se o panchayat lhe retirou a licença de exploração, a verdade é que o governo do Kerala continuou a proteger a empresa. E, além disso, entrega-lhe cerca de 2 milhões de rúpias (36 mil euros) a título de subvenção à política industrial regional. Em todos os Estados onde têm fábricas, a Pepsi e a Coca conseguem auxílios similares. Tudo isto para bebidas que têm um valor nutricional nulo, em comparação às bebidas indianas tradicionais (nimbu pani, lassi, panna, sattu...).

Impacto na economia

Além disso para confeccionar um xarope rico em açúcar, as empresas utilizam o milho, cuja produção já tem 30% destinados para servir de matéria-prima na fabricação industrial de alimentos para gado e de frutose. Isso diminui a quantidade para o consumo humano e, na realidade, priva os pobres de um produto de base essencial, com baixo preço. Em contrapartida, a substituição de edulcorantes extraídos da cana-de-açúcar, como o gur e o khandsari, lesa os paisanos a quem este produtos garantiam rendas e meios de subsistência. Em suma, a Coca-Cola e a Pepsi-Cola têm sobre a cadeia alimentar e a economia um impacto enorme, que não se resume ao conteúdo de suas garrafas.
Em 2003, as autoridades sanitárias do distrito informaram aos habitantes de Plachimada que a poluição da água a tornava imprópria ao consumo. As mulheres já o sabiam há algum tempo e foram as primeiras a denunciar essa “hidropirataria” durante um dharna (sit-in) diante dos portões da empresa.
Seduzido pela iniciativa das mulheres adivasi, o movimento desencadeou nos planos nacional e mundial uma onda de energias solidárias. Sob a pressão desse movimento cada vez mais poderoso e da seca que ainda veio agravar a crise da água, o chefe do governo do Kerala ordenou enfim, no dia 17 de fevereiro de 2004, o fechamento da empresa da Coca-Cola. As alianças arco-íris forjadas no início entre as mulheres da região terminaram por englobar o conjunto do panchayat. Por sua vez, o panchayat de Perumatty (no Kerala) apresentou no supremo tribunal do Kerala uma queixa contra a multinacional, em nome do interesse público
Nas mãos do Estado

No dia 16 de Dezembro de 2003, o juiz Balakrishnana Nair ordenou que a Coca-Cola cessasse os bombeamentos piratas no lençol de Plachimada. Os autos do julgamento valem tanto quanto a decisão em si mesma. De fato, o juiz especificou: “A doutrina da confiança pública repousa antes de mais nada sobre o princípio tácito de que certos recursos como o ar, a água do mar, as florestas têm para a população em sua totalidade uma importância tão grande que seria totalmente injustificado fazer delas objecto da propriedade privada. Os mencionados recursos são um dom da natureza e deveriam ser gratuitamente colocados à disposição de cada um, seja qual for sua posição social. Já que esta doutrina impõe ao governo a protecção destes recursos de tal maneira que todo mundo possa deles tirar proveito, ele não pode autorizar que eles sejam utilizados por proprietários privados ou para fins comerciais [...]. Todos os cidadãos sem excecção são beneficiários das costas, dos cursos d’água, do ar, das florestas, das terras frágeis de um ponto de vista ecológico. Enquanto administrador, o Estado tem por lei o dever de proteger os recursos naturais que não podem ser transferidos à propriedade privada”.
Em suma: a água é um bem público. O Estado e as suas diversas administrações têm o dever de proteger os lençóis freáticos contra uma exploração excessiva e, nesta questão, sua inacção é uma violação do direito à vida garantido pelo artigo 21 da Constituição indiana. A Corte Suprema sempre afirmou que o direito de gozar de água e de ar não poluídos é parte integrante do direito à vida definido nesse artigo. Por outras palavras, mesmo na falta de uma lei que regulasse especificamente a utilização dos lençóis freáticos, o panchayat e o Estado teriam de se opor à superexploração destas reservas subterrâneas. E o direito de propriedade da Coca-Cola não se estende aos lençóis situados sob as terras que lhe pertencem. Ninguém tem o direito de deles se arrogar numa grande parte, nem o governo tem qualquer poder para autorizar que entidades privadas extraiam esta água em tais quantidades.Daí as duas ordens emitidas pelo tribunal: a Coca-Cola cessará de bombear a água para seu uso num prazo de um mês ; o panchayat e o Estado garantirão que, passado este prazo, a decisão será aplicada.

A revolta das mulheres, que são o coração e alma do movimento, foi apoiada por juristas, parlamentares, cientistas, escritores... O movimento estende-se a outras regiões onde a Coca e a Pepsi bombeiam reservas aquíferas em detrimento dos habitantes. Em Jaipur, a capital do Rajahstan, depois da abertura da fábrica da Coca-Cola em 1999, o nível dos lençóis passou de 12 metros para 37,5 metros de profundidade. Em Mehdiganj, uma localidade situada a 20 Km da cidade santa de Varanasi (Benares), o nível freático baixou em 12 metros e os campos cultivados em torno da empresa estão desde então poluídos. Em Singhchancher, uma aldeia do distrito de Ballia (a leste do Utar Pradesh), a unidade da Coca-Cola poluiu por um longo período as águas e as terras. Em todo lugar o protesto organiza-se . Mas é preciso notar que, com cada vez mais frequência, as autoridades públicas respondem às manifestações com violência. Em Japiur, por exemplo, a célebre activista gandhiana Siddharaj Dodda foi presa em Outubro de 2004 por ter participado de uma marcha pacífica exigindo o fecho da fábrica.


Veneno engarrafado

À secagem dos poços, acrescentam-se os riscos de contaminação por pesticidas. O tribunal supremo do Rajahstan proibiu a venda de bebidas produzidas pela Coca e pela Pepsi, pois estas recusaram-se a detalhar uma lista de componentes, enquanto estudos mostraram que elas continham pesticidas perigosos para a saúde . As duas gigantes levaram o caso para a Suprema Corte da Índia, mas ela rejeitou o apelo, pelo que o tribunal do Rajahstan ordenou a publicação da composição precisa dos produtos fabricados pela Pepsi e pela Coca. Por hora, essas bebidas permanecem proibidas nesta região.Um estudo feito em 1999 pelo All India Coordinated Research Project on Pesticide Residue (AICRP) mostrou que 60% dos produtos alimentares vendidos no mercado estavam contaminados por pesticidas e que 14% entre eles continham doses superiores ao máximo autorizado. Tal constatação põe em questão o mito arraigado de que as multinacionais privilegiam a segurança e a confiabilidade, dando-lhes uma confiança recusada ao sector público e às autoridades locais. Este preconceito elitista contra a administração pública dos bens e dos serviços contribuiu para a aceitação da privatização da água. Na Índia, como em outros lugares do mundo, este recurso ao privado não permite que se forneça uma água de qualidade a um preço justo.

Democracia da água


No dia 20 de Janeiro de 2005, em toda a Índia, correntes humanas organizaram-se em torno de todas as fábricas da Coca-Cola e da Pepsi-Cola. Tribunais populares notificaram aos “hidropiratas” a ordem de deixar o país. O caso de Plachimada prova que o poder do povo pode impor-se sobre o das empresas privadas. Os movimentos pela preservação da água vão bem além. Eles dizem respeito também às barragens – e os planos de um grande projecto de ligação fluvial que prevê o desvio do curso de todos os rios da península indiana suscitam uma oposição crescente. Eles denunciam as privatizações encorajadas pelo Banco Mundial e a privatização do fornecimento de água em Delhi . É preciso notar que a pilhagem não poderia acontecer sem a ajuda de Estados centralizadores e corporativistas.
Esta batalha contra o roubo da água não diz respeito apenas à Índia. A superexploração dos lençóis freáticos e os grandes projectos de desvio de cursos d’água batem de frente com a preservação da Terra na sua totalidade. Para se ter uma ideia da questão, é preciso saber que se cada parte do planeta recebesse o mesmo nível de precipitações, na mesma frequência e segundo o mesmo esquema, as mesmas plantas cresceriam em toda a Terra e encontraríamos em todos os lugares as mesmas espécies de animais. O planeta é feito de diversidade. O ciclo hidrológico dos planetas é uma democracia da água – um sistema de distribuição para todas as espécies vivas. Sem democracia da água, não pode haver vida democrática.

Marketing Militar recrutou apenas 7 voluntários


Segundo informações do semanário Expresso o passado Dia D (Dia da Defesa Nacional, realizado no Outono passado), ao qual são chamados os jovens que fizeram 18 anos, e cuja comparência é obrigatória para os convocados (!!!), destina-se a sensibilizar os que tiveram o incómodo de se deslocar à Unidade Militar indicada para o alistamento voluntário na tropa e a escolha de uma carreira profissional dentro das Forças Armadas.

Segundo os dados do jornal de um universo de 70.000 jovens que perfizeram 18 anos apenas 55% o fizeram, isto é, só 8.361 indivíduos tiveram a paciência e as despesas de se deslocarem e se apresentarem nesse dia da Defesa. Nos inquéritos então realizados aos presente somente um quinto declarou interesse em apresentar uma pré-candidatura. Mas na prática, e até ao momento, o resultado daquela operação de Marketing Militar foi – imaginem-se – terem sido entregues umas escassas 7 candidaturas no ramo da Força Aérea, que recebeu, entretanto, 1.308 pedidos de informação.

Perante o caricato da situação os serviços do Ministério da Defesa vieram a informar o jornal que no Exército existem 12.800 voluntário, e que se prevê que em Abril próximo esse número cresça para 13.000, o que segundo as mesmas fontes ministeriais excedem as suas necessidades de 12.000 voluntários.


Resta recordar que o tal Dia D mobilizou consideráveis recursos financeiros e materiais que, pelos vistos, foi apenas para show-off...

(Fonte: Expresso de 12 de Março de 2005)




Hipácia de Alexandria


A filósofa mais relevante da Antiguidade grega é Hipácia, neoplatónica, e que morreu presumivelmente em 415 d.C. Foi filha do matemático e astrónomo Téon de Alexandria, que foi o seu mestre, e interessou-se tanto pela matemática como pela astronomia, como mostram três das suas obras, entretanto perdidas.
Hipácia instalou-se entretanto em Atenas onde estudou Platão e Aristóteles, exercendo uma grande influência nos meios filosóficos alexandrinos, ao tentar unificar o pensamento matemático de Diofanto com o neoplatonismo de Amónio e Plotino. O seu discípulo, Sinesio de Cirene, diz-nos que tentou aplicar o raciocínio matemático ao conceito neoplatónico do Uno, mónada dos mónadas. Pagã, mas partidária da distinção entre religião e filosofia, adquiriu também grande prestígio nos ambientes políticos de Alexandria, frequentando o prefeito romano Orestes. Tal facto provocou a inveja e o rancor dos círculos cristãos de tal forma que Hipácia foi agredida em plena rua e brutalmente assassinada por um grupo de fanáticos cristãos, dirigido por um religioso chamado de Pedro. Mas atrás esta agressão dizia-se que estava Cirilo, o patriarca de Alexandria, que a considerava responsável pelas perseguições que os cristãos sofriam.
O episódio dramático da sua morte – foi violada e lapidada por um grupo de facínoras – alimentou a imaginação de escritores e poetas como Charles Kingsley (1853), Leconte de Lisle (1852) e Charles de Péguy (1907) que a imortalizaram como a última herdeira do pensamento grego numa sociedade romana já completamente enredada na fé cristã.
Apesar de não nos ter chegado nenhum dos seus escritos, e portanto, a sua doutrina só poder ser reconstruída de modo indirecto e hipotético, numerosas fontes dão-nos conta da singularidade da sua figura: filósofa, cientista, mestra e ponto de referência política para a comunidade grega de Alexandria.
Numa época em que a Igreja cristã, com os seus Padres à frente, assumia já cada vez mais como uma instituição do poder estabelecido, e procedia à marginalização das mulheres nas funções do poder, uma pagã assumia o símbolo da sabedoria e concorria com as autoridades religiosas da sua cidade.
Um conflito que ocultava uma outra dimensão muito mais relevante: Hipácia representava a tradição da sabedoria feminina, uma antiga tradição egípcia e grega

( tradução de um excerto retirado do livro «Las filósofas, las mujeres protagonistas en la história del pensamiento», de Giulio de Martino e Marina Bruzzese, ediciones Cátedra em colaboração com o Instituto de la mujer da Universitat de Valência; Madrid, 1996)

O título original é «Le Filosofe.Le donne protagoniste nella storia del pensiero

Simplicissimus



Simplicissimus é o nome de uma personagem da famosa narrativa, com o mesmo nome, que Johann von Grimmelshausen escreveu no fim do século XVII.

Simplicissimus é um aldeão que nasceu e viveu em plena Guerra dos Trinta Anos, uma conflagração bélica que devastou a Europa e exterminou um terço da população da Alemanha, e que contempla o mundo e a realidade com um olhar simples e ingénuo. Perante os seus olhos desfilam os diferentes exércitos: franceses, espanhóis, suecos, dinamarqueses, e os vários exércitos ou tropas alemãs. Cada um destes exércitos apresenta-se a si mesmo como o mais virtuoso e o mais devoto que todos os outros. Simplicissimus vê-os, no entanto, todos iguais: roubam, violam, matam.
Mas os olhos de Simplicissimus registam o horror e todos os enganos e mentiras que os exércitos recorrem para mascarar a brutal realidade.


Poucos anos antes, do outro lado do Atlântico, no Peru, o ameríndio Huamán Poma de Ayala escreveu uma crónica parecida ( trad.inglesa com o título Letter to a King: a Peruvian Chief’ account of life under the Incas and Under Spanish rule), de uma destruição ainda mais avassaladora.
O texto escrito com uma mistura de castelhano, quechua e figuras dá testemunha da conquista, do genocídio, da escravização e da destruição da Civilização Inca às mãos dos espanhóis.


Estas referências histórico-literárias levam-nos a concluir da necessidade de compreender os conflitos e o mundo, saber o que está realmente em causa, se não quisermos ser meramente vítimas e espectadores das forças e interesses que determinam a vida da Humanidade e do Mundo.

Porque compreender é já meio caminho para agir…
Ao passo que quem agir sem compreender arrisca-se a ser presa fácil do destino e do fatalismo…

Alguns dados sobre armas e guerras para… não passarmos por idiotas


- 9 em cada 10 mortos de uma guerra são civis

- As despesas militares no mundo representam hoje cerca de 1,07 biliões de euros

- Com os 75.000 milhões de euros que se gastaram nos primeiros meses da guerra do Iraque poder-se-ia oferecer o serviço de educação a todas as crianças do mundos e garantir acesso à saúde a toda a povoação mundial

-As empresas que mais contribuições financeiras deram ao Partido Republicano em 2002 são a Philip Morris, Microsoft, AOL Time Warner, Exxon mobile, Walt Disney, Ford,…e são justamente estas que estão a reconstruir o Iraque…

-Os países que possuem mais armas de destruição maciça são os Estados Unidos e o Reino Unido. Os Estados Unidos mantêm 480 armas nucleares em diferentes bases militares distribuídas por vários países europeus

-Presentemente os Estados Unidos possuem 750 bases militares em 120 países

Nunca como hoje as grandes empresas deram tanto lucro

Nunca como hoje as grandes empresas deram tanto lucro. Neste período de apresentação de resultados, os números estão aí, vindos dos dois lados do Atlântico, a somar-se aos divulgados em Portugal. Exemplos concretos? O Citigroup anunciou um lucro recorde de 17 mil milhões de dólares em 2004; no mesmo período a Renault chegou aos 3,55 mil milhões de euros; e só no último trimestre de 2004, a petrolífera móbil ganhou 8,4 mil milhões de dólares.
A lista abrange a maioria das empresas cotadas em bolsa nos países industrializados, e os números são tão absurdamente enormes que escapam ao entendimento do comum dos mortais.
Apesar da crise apregoada, as empresas portuguesas participam activamente no concerto do lucro. Os supermercados declaram resultados líquidos que ultrapassam de longe os do ano anterior, os CTT pura e simplesmente duplicam os lucros, e os benefícios da EDP e dos bancos explodem para cima. Por seu turno, a Portugal Telecom, cujos lucros foram, em 2004, mais do dobro de 2003, vai «gastar» 250 milhões de euros para abater mil postos de trabalho», segundo noticia o Público.
Por todo o lado, a constante é a mesma, indecente e perversa: os lucros crescem ao mesmo ritmo que aumenta o desemprego.


(excerto do artigo de José Manuel Barata-Feyo, sob o título O Concerto do Lucro, publicado na Grande Reportagem, revista que acompanha o Jornal de Notícias e o Diáro de Notícias de 12 de Março de 2005)

Já não há Europeu de futebol que salve a nossa Economia

Segundo o relatório sobre contas anuais publicado ontem pelo Instituto Nacional de Estatística a economia portuguesa em 2004 cresceu tão somente 1%, isto é, a riqueza produzida internamente apenas subiu nessa percentagem, o que significa tecnicamente que a nossa economia entrou novamente em recessão (dá-se recessão quando o ritmo de crescimento do PIB diminui em dois trimestres consecutivos). Assim, o 3º e o 4º trimestre de 2004 registaram descidas consecutivas do PIB ( 0,9 % e 0,6, respectivamente).

Outro dados referem-se ao agravamento do nosso défice comercial em 2004 na ordem dos 22,7%



Crise? Qual crise? Corticeira Amorim com aumento de 23,6% de lucros em 2004

Segundo comunicado da própria empresa, a Corticeira Amorim - empresa-chave do Grupo Amorim, um dos mais importantes grupos capitalistas portugueses – registou um aumento de lucro de 23,6% em 2004 face ao ano de 2003, o que representa um lucro de 10 milhões de euros.
Perante a crise económica e social, é mesmo para nos interrogarmos: Crise? Qual crise?

No País mais poderoso do mundo, os cidadãos sentem-se inseguros!!!!!


Aonde chega o desvario e a manipulação do medo pela elite norte-americana que para se manter no poder não encontra outra maneira que não seja incutir e alimentar o síndroma do medo junto dos cidadãos a fim destes – por pânico e medo, artificialmente provocado – reforçar o próprio poder político.

Chega-se a este paradoxo: no país mais poderoso do mundo com maior arsenal de armas e de armamento, com a maior indústria securitária (as empresas de segurança são das mais rentáveis), e onde as prisões privatizadas se encontram cotadas na bolsa, nesse país os cidadãos sofrem da psicose do medo e votam em função de quem lhes dá mais segurança!!!!!

O homem mais odiado pela América


Afinal, o homem mais odiado pela América não é um fundamentalista religioso, mas um livre-pensador que quer uma vida sem deus

Antes de se tornar o emblemático anticristo da América, de incarnar o bode expiatório da direita cristã , de desencadear a fúria do Congresso, o desprezo dos senadores e a acrimónia do presidente americano, Michael Newdow era um simples homem de 49 anos, recentemente divorciado e exercendo a ingrata ainda que bem apreciada profissão de médico de urgências num hospital da Sacramento, na California. Por virtude talvez dos seus hábitos de prestar cuidados aos seus semelhantes, Michael Newdow também começou por se preocupar em curar as tendências mais teocráticas do seu país. Ou seja, graças à justiça humana começou a contestar Deus. Ou por outras palavras, começou a contestar a inumeráveis invocações em nome de Deus que pululam hoje em dia na América, apesar desta se presumir um estado laico.

Assim, em nome de um ateísmo procedimental, começou por intentar uma acção judicial por motivo da sua filha, de 8 anos, ser obrigada em cada manhã, em plena escola pública, a recitar a “Pledge of Allegiance”, espécie de oração cívica onde se faz explicitamente referência a Deus, muito embora os princípios constitucionais do país consagrarem claramente a separação entre a Igreja e o Estado.

Em tempos normais uma tal acção passaria mais ou menos desapercebida na multidão de outras acções judiciais que diariamente inundam a máquina judicial. Acontece que, depois do 11 de Setembro, face ao crescendo sentimento de patriotismo e da multiplicação de actos de fé, seria impensável e até inacreditável que um tribunal aceitasse o requerimento de urgência a pedir a declaração de inconstitucionalidadde às várias alusões religiosas em que são pródigas as aulas nas escolas públicas americanas nos dias que correm. Mas foi justamente o que aconteceu no último dia 26 de Junho no tribunal superior que agrupa os nove Estados principais do Oeste. O Tribunal deu-lhe então razão.

Logo que o veredicto foi conhecido, Newdow tornou-se aos olhos da América conservadora uma espécie de Rosenberg maléfico, e um perigoso elemento subversivo. Os próprios membros do Senado recordaram que as suas sessões solenes sempre começavam com uma oração. Por sua vez, os senadores logo se apressaram a recitar, face às câmaras das televisões, o “The Pledge of Allegiange” com a mão sobre o peito, de forma a reafirmar que os Estados Unidos eram uma “nation under God”. Não faltaram também parlamentares a cantar a plenos pulmões “God bless America” e até um eleito do Ohio veio a terreiro recordar que o seu Estado tinha por devisa “With God all things are possible”. Neste coro de anjos ( ou de anjinhos) veio então o porta-voz da Casa Branca a lembrar que o dólar, a moeda americana, tem cunhada na sua face a frase “In God we trust”.

O modesto ateu que era Michael Newdow não esperava reacção tão vasta e violenta. Ele, que só queria fazer respeitar a Constituição do seu país, os Estados Unidos da América, que consagra a natureza laica do Estado, e com base nesse princípio exercer o seu direito de educar a sua filha num mundo sem Deus. Afinal o seu gesto tinha acordado os fantasmas religiosos e beliscado as excrescências que se tinham incrustado ao longo do tempo na definição original do Estado americano como um Estado laico. Com efeito, a referência a Deus não existia no texto original do “The Pledge of Allegiance” escrito por Francis Bellamy em 1892. Não foi senão em 1954 que, sob a influência do maccarthismo se acrescentaram as palavras “under God”

Escandalizada pela atitude do seu vizinho que reside a seu lado , Marta Carrera já avisou os seus filhos para não se aproximarem de Michael, o americano traidor. Dia após dia Michael recebe insultos e ameaças de morte.

Enquanto espera a decisão do Supremo tribunal ele prepara já o seu próximo combate: contestar a frase de caracter religioso incrustada nas moedas americanas que considera igualmente inconstitucional face à natureza laica do Estado. Imagina-se já as cambalhotas que não vão dar os fiéis depositários de Wall Street e os anátemas que não lhe lançarão os cardeais financeiros da Finança americana.
Perante um desafio de tal tamanho – exigir que o Estado americano cumpra a sua própria Constituição que o define como Estado laico – bem lhe poderemos augurar o desfecho: a exibição em toda a sua plenitude do abuso do poder através da prevalência da vontade do Estado frente à letra da Constituição. Lições da História...

O Plano B



(texto de Lester R. Brown, antigo presidente do World Watch Institute, e actual presidente do Earth Policy Institute; e autor dos livros «Plan B: Rescuing a Planet under stress and a civilization in troubl», Éditions W.W. Norton & Co, NY,2003; «Eco-economie», éd.du Seuil, 2003)

(este texto foi publicado na revista Alternatives Économiques, hors-série nº63,1er trimestre 2005)


O plano B depois do plano A. O plano B é a única opção capaz de ter êxito, muito simplesmente porque o plano A, que consiste, no fundo, em nada mudar, representa algo que é inaceitável: o prosseguimento da degradação ambiental e uma explosão da bolha económica. O plano B reside numa mobilização massiva para esvaziar esta bolha económica antes que esta chegue ao seu ponto de explosão. Impedi-la de explodir exige um nível de cooperação internacional sem precedentes capaz de estabilizar a demografia, o clima, os níveis freáticos e os solos - e fazer isto, rapidamente, como se estivéssemos em guerra. E não é para menos o esforço que nos é solicitado: algo semelhantes com a mobilização verificada por alturas da Segunda Guerra Mundial.

Os sinais prenunciadores multiplicam-se: o esgotamento das áreas de pesca, o degelo dos glaciares, o abaixamento dos níveis freáticos…Até agora, as advertências eram sobretudo de carácter local, mas a partir de agora elas serão, sem dúvida, de carácter mundial. As importações massivas de cereais pela China – e a alta de preços dos produtos alimentares que se seguirá – devemos levar a sair da nossa letargia. Como quer que seja, o tempo corre depressa. As economias que alimentam a bolha económica, que por definição é artificialmente insuflada, não continuarão a faze-lo indefinidamente. Com efeito, o que pedimos à Terra excede largamente a sua capacidade de regeneração, e essa distância não pára de aumentar todos os dias.

Esvaziar a bolha económica

Estabilizar a população mundial para cerca de 7,5 biliões de habitantes tornou-se hoje premente para evitar o afundamento económicos dos países cuja população cresce rápido demais e que acaba por consumir todo o seu capital natural. Cerca de 35 países, quase todos europeus, salvo o Japão, conseguiram controlar o seu crescimento demográfico. Agora, o desafio é criar as condições económicas e sociais propícias para a adopção das medidas prioritárias que levem os outros países a seguirem-lhes o mesmo caminho. Para isso, torna-se necessário o acesso a todas as crianças ao ensino primário, às vacinas recomendadas e aos cuidados elementares de saúde, bem como permitir um acompanhamento médico e um planeamento familiar às mulheres.

Relativamente ao clima, é hoje tecnicamente possível passar de uma economia baseada nos combustíveis fósseis para uma economia utilizadora do hidrogénio como principal fonte energética. Paralelamente com o progresso das energias eólicas e dos painéis solares, a disponibilidade dos geradores de hidrogénio, assim como a evolução já registada dos motores a gasolina, torna possível que possamos dispor actualmente das técnicas necessárias para garantir uma tal transição. Passar rapidamente do petróleo e do carvão para o hidrogénio passa pela fixação de um preço justo, que incorpore no preços de mercado a praticar, os custos indirectos pelo consumo da energia fóssil.

Já se nos antevê difícil estabilizar os níveis freáticos: na verdade, as forças que provocam a sua diminuição têm a sua própria dinâmica, que urge inverter. Ora para travar essa descida, seria preciso aumentar urgentemente a produtividade da água. Se não o conseguirmos, veremos a curto prazo as zonas aquíferas a reduzirem-se e a acumulação da água a descer brutalmente, levando com isso a uma queda rápida das produções que delas vivem. Ao desenvolver a técnica da irrigação de gota-a-gota, Israel tornou-se o líder mundial do uso eficaz da água na agricultura. Esta prática de irrigação, ainda pouco frequente, exige muita mão de obra, e é cada vez mais seguida por certos países para as produções agrícolas de gama alta. Além disso, mostra-se perfeitamente ajustada aos locais onde a agua é rara e a mão de obra abundante.

Por seu lado, a erosão dos solos não deixa outra escolha: a persa deve ser igual ou inferior à renovação. A não ser assim, estamos condenados a um declínio ininterrupto da fertilidade das terras, que acabarão por ser abandonadas. A Coreia do Sul e os Estados Unidos destacam-se no domínio da estabilização dos solos. Na Coreia os flancos das montanhas e bem assim as colinas, que não há muito tempo estavam despidas, voltam a encher-se de arvoredo e árvores; os coreanos conseguiram controlar o nível das inundações, do stock das águas e a estabilidade hidrológica, o que constitui indubitavelmente um modelo a ser seguido por outros países. Os êxitos nos Estados Unidos são também dignos de registo. Desde o início dos anos 80, os agricultores norte-americanos deixaram sistematicamente em pousio 10% das terras aráveis mais frágeis, e transformaram-nas em pradarias. Trabalharam-nas o menos possível, e graças a esta combinação entre programas de pousio e de técnicas de ordenamento de terras, os Estados Unidos conseguiram reduzir a erosão dos seus solos em cerca de 0% em menos de vinte anos.

Em cada área, cada país encontrou o seu caminho para a resolução dos problemas. Ora se estas iniciativas de sucesso fossem rapidamente seguidas por todo o mundo, seria possível esvaziar aquela bolha económica mesmo antes do momento de explosão

Uma mobilização como se estivéssemos em tempo de guerra

A adopção do plano B é pouco provável, caso os Estados Unidos não aceitem encabeçar as operações e as reformas necessárias, tal como o fizeram durante a Segunda Grande Guerra, ainda que tardiamente. O país não reagiu às agressões da Alemanha e do Japão a não ser depois do ataque a Pearl Harbor em 7 de Dezembro de 1941. O esforço de mobilização sem precedentes permitiu inverter o curso dos acontecimentos e conduziu as forças aliadas à vitória em três anos e meio. O ano de 1942 conheceu o mais forte crescimento da produção industrial jamais visto na história americana – crescimento esse da inteira responsabilidade do exército. Ao longo de todo esse ano parou-se de construir habitações, estradas, proibiu-se a produção e venda de viaturas e camiões para uso privado, assim como a utilização dos carros para lazer.

Retrospectivamente, a velocidade à qual uma economia em tempo de paz se convertes numa economia de guerra é simplesmente espectacular. A indústria automóvel fabricava 4 milhões de viaturas em 1941. Em 1942, ela produziu 24.000 tanques e 17.000 viaturas blindadas, e somente 223.000 automóveis. Em 1940 os Estados Unidos produziam 4.000 aviões, mas em 1942 já se fabricaram 48.000 aviões. No fim deste último ano, 5.000 barcos eram acrescentados aos 1.000 que a marinha mercante norte-americana contava em 1939. Um programa de racionamento foi aplicado: para além da interdição total da venda de viaturas privadas, havia produtos estratégicos – como os pneus, a gasolina, o óleo e o açúcar – que passaram a ser racionados a partir de 1942. A redução do consumo destes produtos permitiu libertar os recursos para o esforço de guerra.

Vê-se assim que, em poucos meses, um país, e mesmo o mundo, reestruturou rapidamente a sua economia, por força das necessidades. Actualmente muita gente já está mais que convencida da necessidade de reconfigurarmos massivamente a economia. A questão não está tanto em convencer a maioria dos terrestres, mas antes e sobretudo se conseguiremos fazê-lo antes que a bolha venha a arrebentar.

Criar um mercado transparente

Para reestruturar a economia, a chave está na criação de um mercado transparente que diga a verdade ecológica. O mercado é uma instituição venerável, dotada de qualidades notáveis mas que sofre também de manifestas fraquezas. Aproveita os recurso raros mais eficazmente que qualquer organismo central de planificação. Consegue equilibrar a oferta e a procura e fixar os preços que reflictam quer a escassez quer a abundância. Tem contudo 3 grandes fraquezas. Não dá conta, nos preços, dos custos indirectos de produção dos bens e serviços; não valoriza correctamente a utilização da natureza; e não respeita os limites de rendimento sustentáveis pelos sistemas naturais, como as áreas de pesca, as florestas, as pradarias e os sistemas aquíferos.

Durante a maior parte da nossa história, os custos indirectos da actividade económica, os níveis de uso e investimento suportáveis pelos sistemas naturais ou o valor dos serviços prestados pela natureza não tinham importância. Em ralação às dimensões da Terra a actividade humana era tão pequena que não levantava qualquer problema. Mas com uma economia mundial multiplicada por sete durante a última metade do século, a impossibilidade de remediar as falhas do mercado e as distorções que elas provocam vão levar irremediavelmente a um declínio económico.

À medida que a economia mundial se desenvolve e que a tecnologia evolui, os custos indirectos de certos produtos tornam-se claramente superiores aos preços fixados pelo mercado. E qualquer coisa não corre bem. Se há algo que aprendemos nos últimos anos, é que os sistemas contabilistas que não dizem a verdade, podem ser altamente dispendiosos. As contabilidades manipuladas das empresas que sobrestimaram osseus lucros ou que não registaram todos os seus encargos levaram-nas, a algumas das maiores empresas, à falência, o que custou as poupanças, as pensões e os empregos a milhões de pessoas.

Infelizmente, o sistema de contabilidade global é também ele defeituoso, facto que pode acarretar consequências ainda mais graves. Na verdade, nós temos conseguido a prosperidade económica acumulando défices ecológicos que não parecem nas contas mas que qualquer dia teremos de pagar. Uma parte significativa da nossa prosperidade económica das últimas décadas resulta do consumo do capital produtivo do planeta e da destabilização do seu clima.

A partir do momento em que se calcular todos os custos de um certo produto ou de um serviço será possível incorporá-los nos preços do mercado, reformulando também a sua fiscalidade. Como disse Oystein Dahle, ex-vice presidente da Exxon para a Noruega e o Mar do Norte: «O socialismo afundou-se porque não deixava o mercado dizer a verdade económica. O capitalismo pode afundar-se por sua vez se não deixar que o mercado diga a verdade ecológica»
Mudar a fiscalidade


Numerosos economistas estão de acordo sobre a necessidade de modificar os sistemas fiscais, baixando os impostos sobre o rendimento e aumentando as taxas sobre as actividades que destroem o ambiente, a fim de que o mercado possa dizer a verdade. São cerca de 2.500, entre os quais 8 prémios Nobel, a defender esta ideia. Mudar a taxa a favor do ambiente traz um duplo dividendo. Se se reduzir o imposto sobre os rendimentos do trabalho, este torna-se menos custoso permitindo criar empregos e proteger o ambiente. Foi por essa razão que os alemães reduziram em quatro anos a fiscalidade sobre o trabalho e aumentaram as taxas sobre a energia.

Modificar a fiscalidade permitirá também que um país aposte mais nos novos domínios como sejam as novas tecnologias da energia ou o controle da poluição. Só para dar um exemplo: os incentivos do governo dinamarquês a favor da electricidade eólica fizeram da Dinamarca um país de 5 milhões de habitantes, o primeiro fabricantes mundial de material eólico.

As subvenções não más por natureza: Numerosas tecnologias e indústrias nasceram graças às subvenções governamentais. Os aviões de reacção desenvolveram-se graças às despesas militares de investigação e desenvolvimento, o mesmo se passou com os modernos aviões. A própria Internet é o resultado de financiamento públicos aplicados para permitirem a conexão entre os laboratórios e os institutos de pesquisa governamentais. E graças às ajudas federais e de um forte incentivo fiscal do Estado foi possível o nascimento na Califórnia de uma moderna indústria eólica.

Tal como urge um mudança na fiscalidade, também faz falta uma mudança no domínio das subvenções e subsídios. Um mundo confrontado com uma modificação climática, que arrisca a perturbar a economia, não pode aceitar mais a continuação da concessão subsídios para o consumo do carvão e do petróleo. Torna-se indispensável reafectar tais subsídios ao desenvolvimento de fontes de energia respeitadoras do clima, como são a energia eólica, a solar e a geotérmica. Transferir os orçamentos para construção de estradas para os caminhos de fero bem poderia garantir a mobilidade mas também contribuir para a redução das emissões de gás carbónico.

Numa economia mundial conturbada, que se debate com défices fiscais a todos os níveis, tais reafectações de taxas e subsídios, com mais que prováveis dividendos, poderiam reequilibrar as contas públicas e salvar o ambiente. Trata-se de uma operação vitoriosa: melhora-se a eficácia económica e reduz-se os ataques ao ambiente.

Um apelo à grandeza

A história julga os dirigentes políticos com base na forma como estes reagem aos grandes problemas do seu tempo. Hoje, a questão maior é de saber como esvaziar a bolha económica antes desta explodir. A ameaça pesa sobre todos nós, ricos ou pobres. Ele obriga-nos a reestruturar a economia mundial e a construir uma eco-economia. Nenhum outro dirigente político disse-o tão claramente como o primeiro-ministro britânico Tony Blair quando declarou que a degradação ambiental é o problema da nossa geração e que a mudança climática é indubitavelmente o desafio ambiental mais urgente. Considerando as limitações do protocolo de Kyoto, ele pede uma redução de 60 das emissões de gás carbónico em todo o mundo daqui até 2050. Apela também a um consensus internacional para proteger o nosso ambiente e combater os efeitos devastadores da mudança climática.

Em todo o mundo os dirigentes políticos e os líderes de opinião mais conscientes começam a compreender que não mudar nada é uma opção pouco racional, e que se não reagirmos rapidamente aos problemas sociais e ambientais, o declínio económico e a desintegração social são inevitáveis. Os riscos aumentam quando as maiores ameaças como a epidemia da sida, a escassez da agua, e a falta de terras ameaçam submergir os países que se encontram nos escalões inferiores da escala económica mundial. Os Estados falidos são uma preocupação, não somente por causa dos custos sociais para as suas populações, mas também porque são as bases ideais para as organizações terroristas internacionais.

Temos algumas ideias sobre o que fazer e como fazer. A Organização das Nações Unidas fixou objectivos nos domínios da educação, da saúdem da redução da fome e da pobreza. Sabemos também como reduzir os níveis de dióxido de carbono na atmosfera, controlar o crescimento demográfico, aumentar a produtividade das terras, restaurar a vegetação e aumentar a produtividade da água. Para alcançar estes objectivos existem já tecnologias ao nosso dispor.

Queremos então os meios. E o que faz falta é vontade política. E o impulso só pode vir dos Estados Unidos. É a sociedade mais rica que jamais existiu e que possui os recursos necessários para levar a cabo um esforço daquela dimensão. Não se trata somente de combater a pobreza, mas de construir uma economia compatível com os sistemas naturais – uma eco-economia, uma economia em que o progresso seja sustentável.
É fácil gastas centenas de milhares para responder a ameaças terroristas, mas não é menos verdade que um economia moderna pode ser facilmente perturbada com poucos meios .Mesmo um Ministério de segurança interior dotado com consideráveis recursos financeiros não pode senão minorar a acção de kamikazes. Por isso, o desafio não é dotar as sociedade de uma capacidade de resposta high-tech, mas antes construir uma sociedade mundial ecologicamente sustentável, socialmente justa e democrática; uma sociedade na uqal haja esperança para cada um. Um tal esforço diminuiria mais eficazmente a progressão do terrorismo que qualquer duplicação dos gastos em defesa.

Podemos e devemos construir uma economia que não destrua o sistema natural no qual ela repousa, criar uma comunidade mundial em que as necessidades de base de todos estejam satisfeitas, e um mundo em que possamos viver como seres civilizados. Isto é uma coisa perfeitamente realizável. Parafraseando Franklin Roosevelt « que ninguém diga que não podemos fazê-la».

A escolha está nas nossas mãos. Podemos continuar como se nada se passasse numa economia mundial em que a bolha não pára de crescer até arrebentar. Ou então adoptar o plano B e começar por ser a geração que controla a sua demografia, que elimina a pobreza e estabiliza o clima. Os historiadores recordar-se-ão qual foi a nossa escolha, mas é a nós que cabe escolher.

Lucros da empresa-holding de Belmiro em 2004 foi de 192 milhões de euros

Mediante o habitual trabalho de Relações Públicas, Belmiro de Azevedo, o conhecido empresário e capitalista português, possuidor de acções e interesses económicos em variadas empresas e em outras tantas áreas da vida económico-financeira do nosso país como no estrangeiro, comunicou ontem que o lucro da sua empresa-holding, isto, da sua SGPS (Sociedade Gestora de Participações Sociais, leia-se, empresa que administra o património accionista de Belmiro de Azevedo) obteve no ano 2004 um lucro de 192 milhões de euros.
Escusado é dizer que o lucro é, por definição, a retribuição paga aos investidores capitalistas no seu objectivo de rentabilizar ao máximo o seu capital.




Belmiro, o português mais rico
Segundo a conhecida revista de negócios Forbes Belmiro de Azevedo é o único português classificado nas pessoas mais ricas do mundo, estimando aquela revista a sua fortuna pessoal em 1700 milhões de euros.

Faunas, contadores de histórias


Faunas é um projecto de espectáculos de contadores de histórias para levar a espaços não convencionalmente teatrais, como escolas, jardins-de-infância, cafés/bares/restaurantes, bibliotecas, associações, juntas de freguesia, festas particulares,…

Desenvolve também acções de animação em torno da Literatura de Cordel.

Contactos:
faunas_historias@yahoo.com.br

Em 11 de Março de 1975 o terrorismo golpista da direita assassinou o soldado Luís.

O 11 de Março de 1975 marca a data em que as forças da direita portuguesa, comandadas pelo General Spínola, tentaram fazer um golpe militar e derrubar o poder político que resultara da Revolução Democrática do 25 de Abril de 1974.
Nesse dia aviões militares pilotados por oficiais direitistas atacaram cobardemente as instalações do quartel de Infantaria do RALIS, situado à entrada da cidade de Lisboa, fazendo um morto e 17 feridos, além de consideráveis estragos materiais.
Face à falta de apoio militar e político os golpistas não tiveram outra solução que escapar para o estrangeiro, onde fomentaram a contra-revolução, o bombismo e o terrorismo contra pessoas e bens durante todo o ano de 1975.
Muitos desses terroristas dizem-se hoje «democratas» e «anti-terroristas»!!!!
Mas há quem não se esqueça das suas obras e dos seus assassinatos...

Porto - Por um Parque Oriental sem automóveis



Querem-nos impingir um Parque Verde na zona oriental da cidade do Porto, mais concretamente no Vale de Campanhã, «contaminado» com o todo-poderoso automóvel, através da construção de uma rodovia com características de auto-estrada ( ou via rápida), como se já não bastassem as vias já existentes que despejam diariamente milhares de viaturas motorizadas na cidade.

Porque de facto o que há a mais no Porto são automóveis, e não espaços verdes de proximidade onde a população urbana possa reencontrar o equilíbrio psicológico, perdido com o estilo de vida citadino. É por coisas como estas que passa a tão espezinhada qualidade de vida dos portuenses.

O pré-anúncio pelos gestores autárquicos da construção da malfadada via rápida que atravessaria essa Zona Verde representa, sem dúvida, a derrota ( mais uma) para uma população carente de espaços que possam contrabalançar a invasão do trafego urbano e a densidade de construção que estão a transformar a cidade num formigueiro humano à imagem das irrespiráveis e desumanas metrópoles, apressadamente super-desenvolvidas, onde os residentes se atropelam uns aos outros.

São conhecidas as consequências nefastas da ocupação lineal de terrenos através da construção de infraestruturas lineais de transporte ( prejuízo para os habitats, emissão de produtos tóxicos, o efeito-barreira, a fragmentação e destruição das sociabilidades locais e regionais), o que no caso pendente é agravado com as característicos próprias da Zona Oriental e dos Bairros que lhe são adjacentes cuja degradação e periferia exigiria uma outra abordagem que não a construção de uma rodovia que acaba justamente por reforçar ainda mais aquelas tendências de «guettização».

Claro está que o que está em jogo aqui é o modelo de cidade que queremos. Ou bem optamos por um espaço urbano à escala humana, respeitador de uma lógica de proximidade ( justiça, comércio e economia de proximidade) ou então enveredamos pelo modelo das megapolis sobrepovoadas, encasteladas com construções em altura, e ramificações labirínticas, onde qualquer pessoa se sentirá forçosamente prisioneiro e refém de um urbanismo que nada tem de humano.

As forças cegas do mercado tendem logicamente para este modelo depredador, e os gestores políticos soçobram facilmente aos seus cantos de sereia, tal é a força que representam os investimentos de capitais e a sensação de «obra feita». Acontece que nem a população nem os ecossistemas locais e regionais são os principais beneficiários deste progresso feito de betão armado e alcatrão. Aliás existem outras formas de progredir que não passam necessariamente por esta intrusão ou enxerto de elementos estranhos aos sistemas vivos.

Com efeito, o desenvolvimento humano – se é isso que é a mola das decisões políticas – é muito mais de carácter imaterial que a enxurrada de obras & construções urbanas e semi-periféricas que poderão encher a vista ( e degradar a paisagem) mas não contribuem para a tão propalada quanto desprezada qualidade de vida das populações. E os decisores políticos, devidamente assessorados pelos urbanistas (ou por quem faz o seu papel, apesar de não estarem a tal habilitados), devem sopesar maduramente senão mesmo casuisticamente nas escolhas a fazer para evitar transformar as nossas cidades em poucos mais que espaços irrespiráveis, quais castelos (des)urbanizados onde a vontade ansiosa dos residentes é «rasparem-se» dali para fora!!!...

O realismo manda que se façam estudos para encontrar alternativas sustentáveis e de longo prazo. Impôr um atravessamento rodoviário na zona projectada para a construção do Parque Oriental da Cidade é hipotecar um projecto de futuro que poderia em muito atenuar a densidade de construção e a sua consequente agressividade para o habitat social. E não se diga que não faltam alternativas. Com um pouco de bom senso e algum conhecimento de causa, não se deixaria de encontrar soluções que salvaguardem os valores fundamentais de um correcto ordenamento urbano. A pressa e precipitação de ver obra feita é que deitam tudo a perder. Obrigam a soluções de recurso que têm efeitos catastróficos para os tempos próximos. Ponto é que os decisores não se precipitem e para satisfazerem as suas agendas políticas ,assim como darem largas aos interesses espúrios dos bastidores, e respectivos jogos de poder, não venham a lesar gravemente o interesse da cidade e da população.

Resta-nos esperar que as tomadas de posição das associações ambientalistas da cidade do Porto sejam devidamente ponderadas numa decisão definitiva que venha a ser adoptada e que tenha em conta os superiores interesses da qualidade de vida dos residentes da cidade.

...mesmo quando rio, o meu riso é dissonante...

“mesmo quando rio, o meu riso é dissonante, enquanto o mundo for mundo serei sempre dissonante, rirei sempre dissonante, e a nós, e a ti também mesmo que não queiras, caberá sempre a função de incomodar, é uma profissão, desviar uma carta debaixo para o castelo cair, e quando aparecer de novo um castelo é porque não é o nosso castelo...”
eduarda dionísio

Georges Palante, um D.Quixote libertário


Georges Palante, individualista radical do início do séc. XX, desenvolveu uma das filosofias mais anticonformistas que se conhece. A sua obra não admite compromisso algum; constitui de facto um verdadeiro guia prático para o uso de seres livres que não queiram nunca deixar de o ser.
Para ele o confronto entre o singular e o rebanho, entre o indivíduo e a sociedade é inevitável, mesmo quando o resultado se mostra fatal para a originalidade sob qualquer forma que ela se possa apresentar. O indivíduo livre não tem outra escolha senão a revolta, desesperada se necessário for. Este incorrigível pessimista faz a apologia do libertário integral, uma espécie de super-homem nietzscheano esfolado vivo e sedento de relações afinitárias. Foi professor do Lycée de Saint-Brieuc, tendo incarnado o ideal do aristocrata libertário, qual D. Quixote batalhando até à última contra os moinhos de vento do espírito gregário.
Michel Onfray, a quem se deve o actual e renovado interesse por Palante, descreve o seu pensamento nos seguintes termos: “ “leitor de Schopenhauer, para o pessimismo, de Stirner, para celebrar as potencialidades que habitam o indivíduo, de Nietzsche, para a vontade em transfigurar as impotências em forças, de Freud, no que este diz respeito ao ensino das partes malditas e das suas relações com a consciência”. Mas este espírito livre interessa-se ainda por Proudhon, Ibsen, Fourrier, Emerson...
Inimigo irredutível de todos os partidos, Georges Palante é inclassificável. Não obstante, um dos seus artigos intitulado “ Anarquismo e individualismo” propor uma táctica individualista contra a sociedade que faz lembrar a que era preconizada na época pela equipa responsável pela publicação “Anarchie”. A mesma aliás que tornou conhecido um outro aristocrata libertário, Rémy de Gourmont, para quem o individualista “ destrói na medida das suas forças o princípio da autoridade. Pois a ele, e só ele, é que cabe derrubar sem escrúpulos as leis e todas as obrigações sociais, desde que o faça sem provocar prejuízos. Ele nega e destrói a autoridade naquilo que lhe diz especialmente respeito, tornando-se tanto mais livre quanto mais se pode ser livre nas nossas complicadas sociedades”
Para Palante tal como para Nietzsche “o anarquismo não é senão um meio de agitação do individualismo”

Bibliografia:

Georges Palante, “L’individualisme aristocratique”, éditions des Belles Lettres
Georges Palante, “Combat pour l’individu”, éditions Folle Avoine, 1989
Rémy de Gourmont, “Epilogues II”


(texto inserido no Le Monde Libertaire de 1/2/1996)

Consultar:
http://perso.wanadoo.fr/selene.star/index.htm - site dedicado a George Palante

http://palante.org/index.html

Nova arma americana visa causar máximo sofrimento sem matar

Segundo a categorizada revista científica New Scientist o exército dos Estados Unidos encontra-se em vias de desenvolver uma arma que pode causar um sofrimento extremo num raio de 2 Km, apesar de não serem armas letais. Estas armas destinam-se, segundo os rumores postos a correr, a ser usadas contra tumultos de rua.
Acontece que os investigadores que estiveram na origem desta descoberta estão contra o uso militar das suas investigações, e temem que sirvam para práticas de tortura.

Consultar:
http://www.newscientist.com/article.ns?id=dn7077