quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Simplicissimus



Simplicissimus é o nome de uma personagem da famosa narrativa, com o mesmo nome, que Johann von Grimmelshausen escreveu no fim do século XVII.

Simplicissimus é um aldeão que nasceu e viveu em plena Guerra dos Trinta Anos, uma conflagração bélica que devastou a Europa e exterminou um terço da população da Alemanha, e que contempla o mundo e a realidade com um olhar simples e ingénuo. Perante os seus olhos desfilam os diferentes exércitos: franceses, espanhóis, suecos, dinamarqueses, e os vários exércitos ou tropas alemãs. Cada um destes exércitos apresenta-se a si mesmo como o mais virtuoso e o mais devoto que todos os outros. Simplicissimus vê-os, no entanto, todos iguais: roubam, violam, matam.
Mas os olhos de Simplicissimus registam o horror e todos os enganos e mentiras que os exércitos recorrem para mascarar a brutal realidade.


Poucos anos antes, do outro lado do Atlântico, no Peru, o ameríndio Huamán Poma de Ayala escreveu uma crónica parecida ( trad.inglesa com o título Letter to a King: a Peruvian Chief’ account of life under the Incas and Under Spanish rule), de uma destruição ainda mais avassaladora.
O texto escrito com uma mistura de castelhano, quechua e figuras dá testemunha da conquista, do genocídio, da escravização e da destruição da Civilização Inca às mãos dos espanhóis.


Estas referências histórico-literárias levam-nos a concluir da necessidade de compreender os conflitos e o mundo, saber o que está realmente em causa, se não quisermos ser meramente vítimas e espectadores das forças e interesses que determinam a vida da Humanidade e do Mundo.

Porque compreender é já meio caminho para agir…
Ao passo que quem agir sem compreender arrisca-se a ser presa fácil do destino e do fatalismo…