quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Como é que os capitalistas se mantêm no Poder...ou como é que o Poder político-económico se reproduz.

Breve explicação sociológica sobre a Reprodução Social


As sociedades estão estratificadas em classes sociais de tal modo que se pode falar em pirâmide social, uma vez que a maior parte da população encontra-se na base da pirâmide, enquanto apenas um pequeno número de pessoas fazem parte da elite económica e política que governa a sociedade.

Perguntar-se-á então como é possível que esta estrutura de classes se mantenha ao longo do tempo sabendo que a maioria da população se encontra subordinada, se não mesmo submetida a um pequeno grupo de governantes.

A resposta é dada pela sociologia.


Com efeito, a classe dominante, que é minoritária, governa a sociedade e só se mantém graças à ideologia (= conjunto de ideias) dominante que consegue impor a todos os restantes elementos da sociedade. É essa ideologia dominante que explica e legitima o poder da elite económica e política.

Por exemplo: o antigo poder dos reis só se conseguia manter e reproduzir-se ao longo de séculos uma vez que a sua ideologia era interiorizada pelas classes inferiores, que faziam suas as idéias que lhe eram transmitidas e incutidas: nesse caso a explicação que era vendida às pessoas era que o rei é o soberano por efeito de um poder natural ou sobrenatural.

E as pessoas interiorizavam resignadamente essa ideologia dominante.

Hoje em dia passa-se a mesma coisa, apenas se mudou a fonte de legitimidade do poder.

Assim, só na medida em que a classe dominante consegue convencer as classes inferiores que só ela ( a classe dominante) pode ter poder económico e político, estará ela em condições de se manter no topo da pirâmide social.

Actualmente, a fonte de legitimidade que se pretende incutir para legitimar e justificar o poder das classes dominantes é o fato destas terem capital (= é a posse de capital que legitima o poder da elite económica) ou de terem sido eleitas democraticamente (= é o número de votos que confere legitimidade aos governos, sem cuidar evidentemente se os votos são ou não resultado de uma decisão esclarecida)


Esses critérios de legitimação para se ter poder económico ( = ter capital) e político (= ter votos) são perfeitamente arbitrários e aleatórios - sim, porque quem me garante que é quem tem mais dinheiro ou quem tem votos que está em melhores condições para governar????

E porque não mudar o critério para quem tem mais inteligência?
Ou para quem tenha mais músculos?
Ou para quem saiba fazer melhores poemas?


Só no dia em que as classes inferiores não aceitarem engolir resignadamente essa ideologia dominante é que a legitimidade política e económica das classes dominantes entrará em crise.

Nesse dia, provavelmente, qualquer outro grupo social que queira conquistar o poder terá que, simultaneamente, impor a sua ideologia, convencendo a população da base da pirâmide social da sua legitimidade em apoderar-se do poder.

Nesse momento aparecerá uma nova ideologia dominante, para servir de base e cimento à também nova classe dominante.


Há ainda , evidentemente, a hipótese libertária de cada um tomar em mãos a sua própria vida em cooperação com os seus e a natureza.