sexta-feira, 26 de abril de 2024

Sessão amanhã ( 27 Abril, sábado, às 18h) sobre as lutas contra a eucaliptização

As lutas populares contra as monoculturas de eucaliptos

Sessão amanhã ( 27 Abril, sábado, às 18h) com vídeos e debate na livraria Gato Vadio, com a presença de SERAFIM RIEM, um dos organizadores das manifestações contra os eucaliptos em 1989, e atual dirigente da associação nacional de ambiente IRIS

Em 1989 populares de Marco de Canaveses , Baião, Amarante e Valpaços insurgiram-se contra as plantações de eucaliptos. Vamos recordar o acontecimento com filmes e videos, e debater o grave problema da crescente eucaliptização do território nacional.


https://www.facebook.com/events/274135332332617




segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

O movimento ecológico do Porto (1974-1982)

livro de Bruno Madeira, editado pela Afrontamento, baseado na sua tese de doutoramento 

A Revolução de 25 de Abril de 1974 significou para os portugueses uma série de descobertas e de conquistas. A consciência e a luta ambientais foram um dos reflexos da liberdade alcançada. Dimensão menos conhecida das imensas movimentações sociais e culturais desse período, a ecologia despontou e afirmou-se em Portugal na sequência da Revolução. 

Neste trabalho procuram-se evidenciar as influências e as principais coordenadas filosóficas e ideológicas do movimento ecologista portuense, as características da sua intervenção, os seus protagonistas e as suas principais realizações, privilegiando sempre a análise das publicações periódicas e das fontes que os diversos grupos e individualidades foram produzindo entre 1974 e 1979. 

O AUTOR. Bruno Madeira é licenciado em História e Mestre em História Contemporânea pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Está também associado ao CITCEM no âmbito do grupo Memória Património e Construção de Identidades. O texto que agora se publica é o resultado da sua tese de mestrado defendida na FLUP em Abril de 2014. Neste momento é bolseiro de doutoramento da FCT e frequenta o 3.o Ciclo em História, estando a desenvolver uma investigação sobre a dimensão cultural das direitas portuguesas entre 1974 e 1985.


Ler e Descarregar: AQUI 





Os "loucos" de hoje são os homens de amanhã

 


Quem os viu e quem os vê

Antigos «fachos» e «PPDs» que se tornam comunistas, ou antigos esquerdistas que se tornam ultra-conservadores!!!! 

Mas provavelmente -ou não - a estrutura mental continua a mesma

As redes sociais permitem o reencontro de antigos conhecimentos

e um exercício irrecusável é observar a evolução humana (incluindo a mentalidade) ao longo do tempo

No fundo, o que a vida fez de cada um de nós…




Comumpólio

Comunpólio é um novo jogo para jovens ( e menos jovens) e destina-se a educar a defender os bens comuns e combater os monopólios

http://commonspoly.cc/





Mass Media

 O que são os Media ( tv, rádio, jornais, revistas, etc)?

Os Media são uma instituição controlada largamente pelos ricos com vista a convencer os pobres a culparem os outros pobres pelos problemas causados pelos ricos





domingo, 18 de fevereiro de 2024

Mapa - Jornal trimestral de informação crítica

O último número (nº 40) do jornal Mapa já está à venda 

O MAPA é um projeto de informação crítica que edita, trimestralmente, o jornal MAPA em papel e anima o site jornalmapa.pt. Foi fundado em 2012 e desde então publicou 40 edições, tendo começado com apenas 16 páginas e chegando hoje às 40

É distribuído de Norte a Sul de Portugal em cafés, livrarias, quiosques, escolas, universidades, transportes públicos, centros sociais, associações, por correio e, acima de tudo, nas ruas. Propõe-se enquanto ferramenta, através da informação, debate e discussão, a ser usada para o desenvolvimento da crítica enquanto alimento do pensamento e de práticas de autonomia e liberdade em todos os aspectos da vida. Não está , portanto, contido na zona de influência de grupos económicos ou partidos políticos de qualquer cor ou sabor. A sua prática baseia-se na produção, publicação e distribuição de notícias, reportagens, investigações, crónicas, fotos, ilustrações, bandas desenhadas e, em geral, quaisquer outros formatos desde que possíveis de figurar dentro do limite físico de 40 páginas e na web.

Mapa é, em suma, um novo projecto de comunicação mas também um território de resistência em tempos de guerra.




Jornalismo

 Não basta aos jornalistas serem meros mensageiros, sem compreenderem as agendas ocultas que se escondem por detrás das mensagens e dos mitos sobre os quais elas se apoiam.

John Pilger

(“It is not enough for journalists to see themselves as mere messengers without understanding the hidden agendas of the message and the myths that surround it.") 





León Filipe

 «Desfaz esse verso. Tira-lhe os adornos da rima, da métrica, da cadência e até da ideia. Filtra as palavras, e se depois disso, ficar ainda algo, então isso será a poesia.»

León Filipe 

(um dos poetas da geração de 27, influenciado por Whitman)




Miguel de Unamuno

 «Só aquele que sabe, pode ser livre, e será mais livre quanto mais souber…pois só a cultura permite a liberdade…Não proclameis a liberdade de voar; nem a de pensar, mas antes a do pensamento.

A liberdade que há que dar ao povo é a cultura»

Miguel de Unamuno



António Aleixo (18 de fevereiro de 1899 — 16 de novembro de 1949)

António Aleixo foi um poeta popular algarvio, e um dos mais reconhecidos autores da literatura popular

No emaranhado de uma vida cheia de pobreza, mudanças de emprego, emigração, era um homem humilde e simples, com uma personalidade rica, vincada e conhecedora das diversas realidades da cultura e sociedade do seu tempo. Do seu percurso de vida fazem parte profissões como tecelão, guarda de polícia e servente de pedreiro, este último em França.

De regresso ao seu país natal, estabeleceu-se novamente em Loulé, onde passou a vender cautelas e a cantar as suas produções pelas feiras portuguesas, actividades que se juntaram às suas muitas profissões e que lhe renderia a alcunha de "poeta-cauteleiro".






Basta de Propaganda de guerra

 


terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Dia mundial da rádio (13 de fevereiro)

À rádio devo em certa medida aquilo que sou

Porque os meus horizontes musicais e culturais nasceram com o lendário programa radiofónico «Página Um», que marcou definitivamente a minha vida, talvez até mais do que qualquer livro 

Com toda a propriedade, posso dizer que o Página Um ajudou-me a ser o que sou

O Página Um era um programa da Rádio Renascença, antes do 25 de Abril, com propostas musicais e reportagens que iam ao arrepio do nacional-cançonetismo e da informação oficial do regime

PÁGINA UM - um programa de José Manuel Nunes, e no qual participou, entre outros, Adelino Gomes

"Página Um", programa radiofónico que iniciou-se no dia 02 de Janeiro de 1968, na Rádio Renascença, entre as 19H30 e as 20H30


Ver: AQUI  

O indicativo musical do Página Um - Ouvir AQUI   



Conformismo

 Conformista é aquele que reproduz de forma absolutamente passiva e acrítica, os comportamentos dominantes. Uma sociedade conformista é aquela que se estrutura em função de um comportamento padrão adoptado por uma vasta camada da população

Nas nossas sociedades, o indivíduo afasta-se da vida da sociedade, não participa nas suas opções e decisões e tende a retrair-se no seu espaço pessoal e privado. Está pronto o embrião da atomização narcisista e do conformismo social.

No livro “Como Nasce um Conformista”, Alberto Oliverio, o autor, defende a ideia de que “o processo de normalização assentou inicialmente sobre uma estratégia de base a que se indicavam não tanto os comportamentos apropriados e socialmente aprovados, como os comportamentos e os modos de agir a evitar, a condenar e a reprimir.




Amor ou dinheiro

AMOR ou DINHEIRO

O amor é algo de suficientemente complexo, mas quando acrescentamos o elemento dinheiro, a equação torna-se ainda mais complicada

É por isso que o capitalismo está a converter o amor numa mercadoria e num espectáculo



"Bésame o me muero" - a historia dos amantes de Teruel

Conta a tradição que em Teruel do séc. XIII viveu o jovem Juan Martínez de Marcilla, mais conhecido por Diego. De origem humilde, apaixonou-se perdidamente pela nobre Isabel de Segura. A jovem aceitou casar-se com ele somente se obtivesse o consentimento paterno. Devido a diferença de classe social, Diego decide viajar, com a intenção de conseguir trabalho e dinheiro suficiente para que fosse admitido como marido de Isabel. Antes, porém, esta prometeu que esperaria Diego durante 5 anos. No entanto, finalizado o prazo e diante da pressão exercida pelos pais para que se casasse e vendo que Diego não regressava, Isabel finalmente casou-se com outro. Logo depois, Diego voltou e desesperado com a notícia, implorou a Isabel que o beijasse. Ante a negação de Isabel, que não queria desrespeitar o marido, Diego faleceu ali mesmo, aos pés do leito de Isabel. Depois de contar o ocorrido ao marido, este temeu que lhe acusassem de assassinato. Por sua parte, Isabel sentia-se culpada com a morte de Diego. A jovem decidiu, então, beijar-lhe antes que fosse realizado o enterro, como prova do amor que ainda sentia por Diego. Isabel foi à Igreja de San Pedro, onde se encontrava o cadáver, e o beijo foi tão ardente que também ela caiu morta, ao seu lado. 


Ler mais: AQUI , AQUI 



A exaltação e a glorificação da guerra pelo fascismo

No fascismo, a guerra não é apenas motivo de exaltação, mas vista como algo que é inevitável na vida de qualquer país. 

Para os fascistas a guerra não serve só a defesa do país, mas também como uma opção perfeitamente válida para o bem do povo. Ou seja, o fascismo vê a guerra como uma oportunidade para o povo se mobilizar e reforçar a sua coesão em torno de um objetivo comum e alcançar a vitória.

Além disso, no fascismo qualquer cidadão tem o dever de ser um militar






É urgente o amor - poema de Eugénio de Andrade

É urgente o amor. 

É urgente um barco no mar. 

É urgente destruir certas palavras, 

ódio, solidão e crueldade, 

alguns lamentos, 

muitas espadas. 

É urgente inventar alegria, 

multiplicar os beijos, as searas, 

é urgente descobrir rosas e rios 

e manhãs claras. 

Cai o silêncio nos ombros e a luz 

impura, até doer. 

É urgente o amor, é urgente 

permanecer.




As pessoas de esquerda são mais inteligentes que as de direita

 AS PESSOAS DE ESQUERDA SÃO MAIS INTELIGENTES QUE AS DE DIREITA

Um estudo de uma universidade canadiana ,que inclui dados coletados ao londo de mais de 50 anos, diz que as pessoas com opiniões políticas de direita, tendem a ser menos inteligentes do que as de esquerda. Ao mesmo tempo, adverte que as crianças de menor inteligência tendem a desenvolver pensamentos racistas e homofóbicas na idade adulta.

A pesquisa foi realizada na Universidade Brock, em Ontário, e coletou a informação de mais de 15 mil pessoas, comparando o seu nível de inteligência encontrado na infância com os seus pensamentos políticos 

Fonte: AQUI

Aliás, esta conclusão confirma uma das queixas persistentes entre os conservadores. Os conservadores muitas vezes queixam-se de que os esquerdistas controlam os media, as universidades ou algumas outras instituições sociais. Estes dados demonstram que os conservadores estão corretos nas suas queixas. Eles controlam as instituições porque as pessoas de esquerda são em média mais inteligentes do que os conservadores e, portanto, são mais propensos a atingir o mais alto status em qualquer área da vida moderna.   






Bibliodiversidade

 Pela BIBLIODIVERSIDADE, contra o oligopólio e o domínio das grandes editoras

A bibliodiversidade consiste na diversidade cultural aplicada ao mundo dos livros.

A bibliodiversidade corre perigo hoje em dia como resultado da concentração financeira das editoras o que favorece o domínio de duas ou três editoras sobre a edição de livros e o mundo editorial, com tudo o que isso representa de ameaça à liberdade de expressão e à diversidade cultural, uma vez que aquelas grandes editoras só editam e promovem os autores que estejam em sintonia com a sua política empresarial.

A Bibliodiversidade e o conceito que lhe está associado constitui, pelo contrário, a melhor garantia para a salvaguarda da diversidade cultural, e bem assim da pluralidade e diversidade da oferta dos livros e dos autores.

A melhor forma de preservar a bibliodiversidade é defender e apoiar os editores independentes e as pequenas editoras

EU APOIO AS EDITORAS INDEPENDENTES e as pequenas editoras





Sessão de cinema palestiniano e debate | 16 Fev | 21h

 Sessão de cinema palestiniano e debate | 16 Fev | 21h  na livraria Gato Vadio (r. da Maternidade, 124, Porto)

"As 18 Fugitivas" | The Wanted 18

é um filme de animação palestino de 2014, dirigido por Amer Shomali e Paul Cowan.

O filme combina animação e entrevistas, contando a trajetória de 18 vacas, compradas por palestinianos para produzir leite, mas que são declaradas “uma ameaça ao Estado de Israel”.

Ao recriar a história das vacas clandestinas e da cooperativa agrícola que as escondeu para continuar a produzir de forma independente, este filme presta homenagem ao engenho e à resistência do povo palestiniano.

Filme em inglês, com legendas em português, seguido de debate




segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Revolução Sexual

 A revolução sexual (também conhecida globalmente como uma época de "libertação sexual") é um processo social que desafiou  os códigos tradicionais de comportamento relacionados à sexualidade humana e aos relacionamentos interpessoais. 

O fenómeno ocorreu em todo o mundo ocidental dos anos 1960 até os anos 1970. 

Muitas das mudanças no panorama desenvolveram novos códigos de comportamento sexual, muitos dos quais tornaram-se a regra geral de comportamento

No final dos anos 1970 e 1980, a recentemente conquistada "liberdade sexual" foi explorada pelo capitalismo que procurou obter  lucros colossais , numa sociedade mais aberta, através da indústria pornográfica.




Amor livre = ame sem pudor, ame sem poder

 A concepção do amor livre considera que uma relação de amor deve ser aceite livremente por ambos os parceiros e nunca deverá  ser regulada pela lei, 

Os defensores  do amor livre alargaram a crítica à instituição do casamento argumentando que este encoraja a possessividade emocional e dependência psicológica.

O termo amor livre tem sido utilizado desde o século XIX para descrever o movimento social que rejeita o casamento e despreza estereótipos. O amor livre surgiu enquadrado no seio do movimento anarquista, em conjunto com a rejeição da interferência do Estado e da Igreja na vida e nas relações pessoais. Alguns defensores do amor livre consideravam que tanto os homens como as mulheres tinham direito ao prazer sexual, o que na era vitoriana era profundamente radical




domingo, 11 de fevereiro de 2024

Entrudo em Lazarim (10 a 13Fev. 2024)

O Entrudo de Lazarim é considerado o Entrudo mais tradicional de Portugal. 

Um Entrudo libertino e descarado que põe a nu  a vida das raparigas e dos rapazes solteiros

A tradição do entrudo sai à rua pela mão dos seus protagonistas, os Caretos, numa encenação carregada de simbolismo. Desde os próprios Caretos, passando pelo sua actuação no cortejo etnográfico, e culminando na leitura dos seus famosos testamentos satíricos, o Entrudo rege-se por uma licenciosidade vinda de tempos em que tudo era vivido em clandestinidade, confrontando a autoridade institucional e religiosa vigente.

Os testamentos da “comadre” e do “compadre” são redigidos em absoluto segredo pelos jovens solteiros da vila, que encontram nesta ocasião a oportunidade de, através de quadras incutidas de malícia e ironia, divulgar em praça pública e em ambiente jocoso, o que muitas vezes fica por dizer e que de outra forma nunca seria dito, explorando também as rivalidades entre homens e mulheres. 


https://www.facebook.com/entrudodelazarim/?locale=pt_PT




Cada homem é um artista (Joseph Beuys)

 Cada homem é um artista 

Joseph Beuys







Sabedoria libertária taoísta – uma introdução à Santa Preguiça

 Taoísmo  (estilo de vida simples e natural) 

versus 

Confucionismo (=religião imperial)

livro: Sagesse libertaire taoïste : Introduction à la Sainte Paresse 

autor: Erik Sablé

O taoismo não é simplesmente uma filosofia ou uma específica mística chinesa. O taoísmo apresenta uma visão profundamente libertária da sociedade.

Para Lao Tseu ou Tchouang Tseu, todos os valores que fundam o nosso mundo contemporâneo estão desprovidos de sentido. A crença segundo a qual o homem pode modificar  os acontecimentos tem conduzido às piores catástrofes. Assim também a moral do bem e do mal em que se baseia o mundo ocidental, é uma moral hipócrita, já para não falar da ambição social e da rivalidade entre os seres que não são mais que venenos que contaminam toda a sociedade.

Já quanto à acumulação de riquezas, ela não é mais do que uma perfeita ilustração da falta de sabedoria que caracteriza o nosso mundo.

Em oposição, o taoismo lança as bases de uma sociedade simples, pacífica, em harmonia com a natureza, completamente igualitária, e desprovida de qualquer projecto de governo central. A sociedade taoista é uma sociedade fundada sobre a «Santa Preguiça». 






Teologia do Mercado - por Adriano Moreira

 «…as Faculdades de Humanidades são secundarizadas pela teologia de mercado e orçamento para que tendem os governos neoliberais repressivos…»

Adriano Moreira

Nota: nunca pensei ser necessário citar o professor  Adriano Moreira, mas nos tempos que correm até  o  democrata-cristão Adriano Moreira se opõe à loucura dos governos neo-liberais e da economia-casino em que se converteu a globalização capitalista. 


Os limites éticos

Um dos factos que marcam a nossa época, que já foi chamada do "mundo sem bússola", é que, ao mesmo tempo que as Faculdades de Humanidades são secundarizadas pela teologia de mercado e orçamento para que tendem os governos neoliberais repressivos, a ALLEA - All European Academies, considerou há anos urgente iniciar uma investigação conjunta em busca dos "Communes Values in The European Research Area", que resultou num livro editado pela Royal Netherlands Academy of Arts and Sciences. O tema foi intitulado "European Scientists and Scholars Meeting Their Responsability".


A principal conclusão, que torna insegura a busca de um paradigma global, a cuja investigação entregou a vida o padre Kung, e a que se dedica a UNESCO, foi o reconhecimento da "multiplicidade de convicções morais e posições éticas na Europa no que toca à variedade de essenciais problemas sociopolíticos que estamos a enfrentar".


A questão agrava-se quando assumimos que nesta data é o globalismo, e não apenas o europeísmo, que nos desafia, com todas as áreas culturais do mundo falando à comunidade internacional em liberdade, pela primeira vez na história.


De qualquer modo, um dos temas salientes, relatado por Henk T. Have, diretor da Division of Ethics of Science and Technology at UNESCO, intitulado "Ethics and Politics", teve sobretudo em vista as "implicações éticas da ciência e da técnica contemporâneas".


Talvez a compreensão do tema seja ajudada, tendo presente o seguinte: que os avanços técnicos e científicos foram usados para incitar e justificar a opressão e o assassínio designadamente na Alemanha de Hitler, no Camboja de Pol Pot e no Ruanda de Kambanda.


As virtudes do modelo ocidental, todas assentes no discurso de Péricles, pronunciado na qualidade de estratego de Atenas à beira do túmulo de um soldado, não se encontram em todos os regimes que recolhem a designação de democracia, segundo o modelo da ONU. Mas posto de lado o recurso frequente do Estado-espetáculo à semântica, a divisão de poderes é uma cautela contra as derivações políticas na chamada época dos povos.


Para enfrentar o autoritarismo, e outras dificuldades, a questão é que dificilmente se encontra uma fórmula de resposta à questão de saber quem guarda os guardas, e, apenas como ligeiro exemplo, a atual conflitualidade do Executivo português com o Tribunal Constitucional pode servir de meditação, esperando-se que fique por essa utilidade.


A base segura é hoje a idoneidade da aquisição do poder pelo consentimento dos povos, embora acompanhada frequentemente pelo Estado--espetáculo que veio por vezes agravar, quando se esperava que fortalecesse, a questão dos guardas dos guardas. Tem um dos seus maiores obstáculos no facto de o globalismo ser uma realidade de estrutura ainda mal conhecida, de todas as áreas culturais falarem em liberdade, o que não permitiu ainda tornar o diálogo consistente, e, consequência sobretudo ocidental, por ser crescentemente duvidoso se o Estado que conhecemos não foi ultrapassado como instrumento de governo. Sabemos, pelo menos, que cerca de metade dos Estados existentes não têm sequer capacidade para enfrentar os desafios da natureza, em parte potenciados pelos avanços da ciência e da técnica sem limitações éticas estabelecidas. E exige atenção o facto de as humanidades estarem a ser secundarizadas pelos sistemas oficiais de ensino, e certamente esta inquietação será incluída naquilo que foi chamado a quarta dimensão da universidade. Mas é crescentemente evidente e preocupante que as dificuldades financeiras do sistema universitário não sejam apenas originadas pela crise financeira dos Estados, mas sobretudo pelo esquecimento de que se trata de uma componente da soberania e não de uma área do mercado. Na longa história do ensino superior português não é útil incluir um precedente que esqueça o facto.


Fonte: AQUI 




Amor Livre

 O termo AMOR LIVRE  refere-se ao movimento social que rejeita o casamento e despreza estereótipos e que acredita no amor sem posse, nem controle legal. 

O amor livre surgiu enquadrado no seio do movimento anarquista, em conjunto com a rejeição da interferência do Estado e da Igreja na vida e nas relações pessoais. 

Os defensores do amor livre consideram que uma relação de amor aceite livremente por ambos os parceiros nunca deveria ser regulada pela lei. 

Os defensores do amor livre criticam a instituição do casamento, dizendo que este encoraja atitudes possessivas e a posse emocional, assim como a dependência psicológica.



Poesia de Tomás da Fonseca


Eu amo a luta e abrigo a paz no coração.

Meu credo é feito d’alma e feito de perdão.

Vivo de bênção. Como a flor vive da luz,

Pregando na montanha, assim como Jesus,

As delícias do amor e a paz universal.

Baionetas para quê? Se a baioneta é igual

À face do assassino! Em vez d’homens de guerra,

Camponeses lavrando e semeando av terra…

Que eu não amo o que mata ao meio d’uma rua,

Mas o que cria um filho ou guia uma charrua,

E, embora admire e louve essa mulher que foi

Ao meio de *aris executar um herói,

Muito mais louvo e quero essa mulher d’aldeia

Que vai à fonte, acende o lume e faz a ceia

E abre o seu peito, dando a um filho de mamar.

Corday é uma tormenta, a camponesa um lar.

Criar – eis o preceito; amar – eis o dever.

O nosso peito abri-lo a todo o que o quiser:

Aos que são cegos, luz; aos que têm fome, pão.

Por isso é que abrigo a paz no coração

II

Há quantos sóis, porém, vou eu rindo e cantando

Após o grande ideal que eu não sei como ou quando

Há-de tornar feliz a vida no universo…

Ai, quando sonho, ai, quanto amor, no olvido imerso,

Fui deixando através do mundo, em ódio armado,

Onde tu, povo, és sempre o algoz e o condenado.

Quando eu parti brilhava o astro na amplidão.

E olhei a vida…Em roda, o luto e a escuridão

Envolviam-se como um manto de terror.

E lá no fundo, obscuro, exausto, o cavador

Bradado inutilmente! Ó vida dolorosa,

Quanta vez ao cair da noite silenciosa,

Ao lento fumegar dos colmos no povoado

Ouvia claramente o grito estrangulado

Do que tem fome e frio e não tem lar nem pão.

E eu, perdido na noite, aguçava o bordão

Nas pedras do caminho à falta de uma espada.

E do mundo através a rígida nortada,

Fui vendo a mesma dor, odiando o mesmo crime.

Quando eu julgava achar o braço que redime,

O povo unido, o peito aberto e sem couraça,

Como um raio de luz num furacão que passa,

Como um grito d’amor na boca de Danton,

Só via mortos!  Nem um brado, nem um som!

Vendo-me, pois, na luta homérica sozinho,

Encostei o meu corpo à beira do caminho,

À espera que passasse alguém pelas estradas.

Chamei, chamei em vão. As mãos ensanguentadas,

Ninguém as viu, ninguém parou, olhando. Então,

Ó povo, é que eu chorei tuas longas agonias,

Tal como antigamente o velho Jeremias

As do povo de Deus nos muros de Sião!

Mas foi assim, bradando aos céus, rugindo e amando,

Roto e faminto, o olhar em pranto e a barba hirsuta,

Que eu me tornei rebelde, agora só confiando

No bem que vier da dor, na paz que vier da luta


Tomás da Fonseca, in Os Deserdados




sábado, 10 de fevereiro de 2024

Massacre dos índios guaranis pelas tropas portuguesas

A 10 de Fevereiro de 1756 aconteceu o massacre de 1500 índios guaranis, que eram apoiados pelos padres jesuítas missionários, às mãos do exército português, na chamada batalha de Caiboaté, em S.Gabriel, no Rio Grande do Sul,

Os índios recusavam-se deixar as suas terras e a transferirem-se para o outro lado do rio Uruguai, desobedecendo às ordens do rei português

Sepé Tiaraju, o líder indígena que chefiava a resistência ao invasor, é hoje considerado um herói.

Para saber mais: Aqui, Aqui 




Carta de Albert Camus ao seu profressor

 Depois de receber o Prémio Nobel em 1957, Albert Camus escreve uma carta ao seu professor a agradecer-lhe tudo o que lhe ensinou

Caro Monsieur Germain,

Deixei que passasse um pouco o movimento que me envolveu todos esses dias antes de vir-lhe falar-lhe de coração aberto. Acaba de me ser feita uma grande honra que não busquei, nem solicitei. Mas quando eu soube da novidade, meu primeiro pensamento, depois de minha mãe, foi para você. Sem você, sem essa mão afetuosa que você estendeu ao menino pobre que eu era, sem seu ensino, sem seu exemplo, nada disso teria acontecido. Eu não faço questão dessa espécie de honra. Mas essa é ao menos uma ocasião para dizer-lhe o que você foi e é sempre para mim, e para assegurar-lhe que os seus esforços, o seu trabalho e o coração generoso que você coloca em tudo que faz, sempre de maneira viva com relação a um de seus pequenos discípulos que, não obstante a idade, não cessou jamais de ser seu aluno reconhecido. Eu o abraço com todas as minhas forças.

Albert Camus



sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

O poder dos introvertidos num mundo que não pára de fala

Pelo menos um terço das pessoas que conhecemos é introvertido. É aos introvertidos que devemos muitos dos grandes contributos para a sociedade - dos girassóis de Van Gogh à invenção do computador pessoal, de Lewis Carroll até Gandhi, passando por Albert Einstein, não faltam na história da Humanidade introvertidos célebres.

As pessoas introvertidas são as que preferem ouvir a falar, ler a socializar; que inovam e criam, mas não gostam de se autopromover; que privilegiam o trabalho solitário às sessões e aos locais com muita gente.

Uma obra que revoluciona nossa concepção de personalidade. Introvertidos são homens e mulheres que preferem ouvir em vez de falar, trabalham melhor sozinhos do que em equipe e, muitas vezes, são discretos sobre seus méritos e conquistas. Em um mundo que promove o ideal extrovertido, chegou a hora de reivindicar as virtudes da introversão, fundamentais para o progresso da sociedade. Com esta obra lúcida, Susan Cain bane alguns preconceitos e estabelece um elogio justificado e documentado às pessoas introvertidas, que são mais criativas, determinadas e desfrutam de um mundo interior mais rico e descontraído. Uma obra que vai revolucionar a nossa concepção de personalidade.  


Para saber mais: AQUI




Esto es Amor ( Lope de Vega)

 Esto  es Amor ( Lope de Vega) 

(encontrei este poema na parede de uma rua de Zamora) 

Desmayarse, atreverse, estar furioso,

áspero, tierno, liberal, esquivo,

alentado, mortal, difunto, vivo,

leal, traidor, cobarde y animoso;


no hallar fuera del bien centro y reposo,

mostrarse alegre, triste, humilde, altivo,

enojado, valiente, fugitivo,

satisfecho, ofendido, receloso;


huir el rostro al claro desengaño,

beber veneno por licor süave,

olvidar el provecho, amar el daño;


creer que un cielo en un infierno cabe,

dar la vida y el alma a un desengaño;

esto es amor, quien lo probó lo sabe. 




quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Lou Salomé

 Ouse, ouse... ouse tudo!!

Não tenha necessidade de nada!

Não tente adequar sua vida a modelos,

nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém.

Acredite: a vida lhe dará poucos presentes.

Se você quer uma vida, aprenda... a roubá-la!

Ouse, ouse tudo! Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer.

Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso:

algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!!

LOU SALOMÉ 

na fotografia, Lou Salomé com Rilke (de livro na mão) e amigos  





Privatizações

 Se algum dia privatizarem o ar, haverá sempre um idiota que te diga:

«- Se criticas tanto o capitalismo, então porque é que respiras?»




Não há maior tirania do que aquela que se exerce sob a capa da lei, e em nome da justiça

 Não há maior tirania do que aquela que se exerce sob a capa da lei, e em nome da justiça

Montesquieu

Il n'y a point de plus cruelle tyrannie que celle que l'on exerce à l'ombre des lois et avec les couleurs de la justice



terça-feira, 23 de janeiro de 2024

A atenção face ao speed watching

 A morte da ATENÇÃO humana...

...com o speed watching

O you tube e outros motores de busca da internet permitem agora o visionamento das séries de TV e dos filmes em modo acelerado, aumentando de 20 a 50% a velocidade das imagens. 

Um episódio que durava 52 minutos pode ser visto em 39 minutos. Tudo isso significará o desaparecimento ou a morte progressiva da atenção 


Ler AQUI 



Os Amigos ( poema de Eugénio de Andrade)

 Os Amigos 

Os amigos amei 

despido de ternura 

fatigada; 

uns iam, outros vinham, 

a nenhum perguntava 

porque partia, 

porque ficava; 

era pouco o que tinha, 

pouco o que dava, 

mas também só queria 

partilhar 

a sede de alegria — 

por mais amarga. 

Eugénio de Andrade, in "Coração do Dia"  




Despolitização

 A despolitização tem várias faces. 

A mais comum é das pessoas que votam sem saber o que estão a fazer. 

Uma segunda traduz-se em insistir que as ideologias já terminaram, e que a política e os políticos  são todos  iguais.

Finalmente, encontramos uma outra, não menos vulgar,  que não cessa de emitir  juízos políticos sobre tudo e mais alguma coisa, fulanizam (falam de pessoas, e não de  ideias nem de projetos ou programas políticos), mas que revelam o mais completo desconhecimento  da coisa pública, da ciência e da filosofia políticas.

É por isso que é tão urgente o esclarecimento e o estudo para não cair na mesma situação de milhões de cristãos que não fazem a mínima ideia do que é, e em que consiste, o cristianismo.

 Infelizmente, a escola não tem ajudado a promover  a educação para a cidadania ativa e crítica





Para que serve a filosofia, a arte e a literatura ( Shakespeare )

 Se a literatura, a arte, a ciência, em suma, a filosofia, não ajudarem a criar uma Julieta ou a revogar as ordens e as sentenças de um príncipe, de nada servem:

«Que se enforque a filosofia! 

Se essa filosofia não pode criar uma Julieta, mudar de lugar uma cidade, revogar a sentença dum príncipe, de nada  serve, de nada vale”

( in “Tragédia de Romeu e Julieta” de Shakespeare)


Hang up philosophy!

Unless philosophy can make a Juliet,

Displant a town, reverse a prince's doom,

It helps not, it prevails not: talk no more.  





Diário de William Beckford em Portugal e Espanha

 O trágico é que toda esta realidade de ameaças e orações ainda é a mesma nos nossos dias, senão leiam:

«O pobre pequeno é educado o mais possível dentro de casa e estritamento. Vive num espaço acanhado e obrigam-no a trabalhos forçados, com uma média de oito a nove lições por dia. Em vez de o encorajarem a remar no rio, a jogar o cricket ou a correr no jardim com as crianças da sua idade, passa a vida engaiolado com um rebanho de desdentadas amas e de inválidos capelões, todos a trabalhar para o mesmo fim, que é apoucar-lhe o espírito com ameaças e orações.»

Diário de William Beckford em Portugal e Espanha





Ursula K. Le Guin

 Sabem? Os livros não são apenas mercadorias . O desejo de lucro entra frequentemente em conflito com os objetivos da arte.Nós vivemos no sistema capitalista, e os seus poderes parecem ser ilimitados, mas o mesmo se pensava anteriormente sobre o direito divino dos Rei Qualquer poder imposto pelos seres humanos pode sofrer a resistência e ser alterado pelos seres humanos. A resistência e a mudança começam muitas vezes na arte, e muito frequentemente na nossa arte − a arte das palavras.

Ursula K. Le Guin


Books, you know, they’re not just commodities. The profit motive often is in conflict with the aims of art. We live in capitalism. Its power seems inescapable. So did the divine right of kings. Any human power can be resisted and changed by human beings. Resistance and change often begin in art, and very often in our art—the art of words.”






Odonianismo ( Ursula K. Le Guin )


«Odonianismo é o anarquismo. Não o bombismo terrorista, qualquer que seja o nome que se lhe dê, nem o darwinismo social dos libertarianos da extrema direita; mas o anarquismo prefigurado muito cedo no pensamento taoísta, e exposto por Shelley, Kropotkin, Goldman e Goodman. O principal alvo do anarquismo é o Estado autoritário (capitalista ou socialista); e o seu princípio moral do comportamento é a cooperação (solidariedade, ajuda mútua). É a mais idealista, e para mim a mais interessante, de todas as teorias políticas»

Ursula K. Le Guin





Greve dos Tecelões do Porto que se tornou numa greve ger

A greve começou numa fábrica na Rua do Bonjardim a 6 de Junho de 1903. Espalhou-se a outras fábricas de tecelões e, depois, a dezenas de milhares de operários de todos os sectores.

A jovem trabalhadora Infantina Rosa foi presa, tendo declarado que trabalhava  «das 7 às 7, são 14 horas por dia, com   uma hora  para jantar, mas que às vezes é roubada» .

Com esta greve, os operários inundaram as ruas da cidade e mostraram a miséria e a fome de que sofriam, tendo conquistado o apoio da população em geral que se  comoveu com as crianças  e as famílias operárias famintas.

Polícia e tropa reprimiram grevistas junto das fábricas, nas ruas, nas ilhas. Estes respondiam à pedrada.

Seria, até aqui, uma greve normal, mas o movimento social grevista, com esplêndida organização e adaptada à situação, garantiu o apoio da imprensa diária do Porto; ocupou o espaço público central da cidade; expôs a miséria e a fome em que os operários vivam:; adoptou a não-violência, que paralisou a repressão; negociou   com os industriais de igual para igual; mobilizou a solidariedade dos cidadãos do Porto e do país;  e conseguiu a vitória nas principais reivindicações.

Foi a maior greve até então em Portugal, uma greve geral como nunca se tinha vivido, mas a sua memória perdeu-se, porque os vencedores de então, os anarquistas, foram depois vencidos.     

Fonte: AQUI 




Deleuze

 O sistema quer que sejamos tristes, por isso é preciso sermos alegres para lhe resistir

                                                                    G. Deleuze



ContraNarciso ( e o narcisismo imperante e egocêntrico) - poema de Paulo Leminski

 em mim

eu vejo o outro

e outro

e outro

enfim dezenas

trens passando

vagões cheios de gente

centenas

o outro

que há em mim

é você

você

e você

assim como

eu estou em você

eu estou nele

em nós

e só quando

estamos em nós

estamos em paz

mesmo que estejamos a sós

Paulo Leminski 





Educação popular através da prática desportiva

 

Educação popular através da prática desportiva e da atividade cultural

pode favorecer o reforço dos laços sociais, a autonomia e a emancipação





A violência não é instaurada pelos oprimidos (Paulo Freire )

Como poderiam os oprimidos dar início à violência, se eles são o resultado de uma violência? Como poderiam ser os promotores de algo que, ao instaurar-se objetivamente, os constitui? 

Não haveria oprimidos, se não houvesse uma relação de violência que os conforma como violentados, numa situação subjetiva de opressão.

Inauguram a violência os que oprimem, os que exploram, os que não se reconhecem nos outros; não os oprimidos, os explorados, os que não são reconhecidos pelos que os oprimem como outro. 

Inauguram o desamor, não os desamados, mas os que não amam, porque apenas se amam. 

Os que inauguram o temor não são os débeis, que a eles são submetidos, mas os violentos que, com seu poder, criam a situação concreta em que se geram os “demitidos da vida”, os esfarrapados do mundo. 

Quem inaugura a tirania não são os tiranizados, mas os tiranos.

Quem inaugura o ódio não são os odiados, mas os que primeiro odiaram.

Quem inaugura a negação dos homens não são os que tiveram a sua humanidade negada, negando também a sua. 

Quem inaugura a força não são os que se tornaram fracos sob a robustez dos fortes, mas os fortes que os debilitaram.





Quando em teu colo deitei a cabeça - Walt Whitman (1819-1892)

 Quando em teu colo deitei a cabeça, meu camarada, 

a confissão que fiz eu reafirmo,

o que eu te disse e a céu aberto 

eu reafirmo: sei bem que sou inquieto 

e deixo os outros também assim, 

eu sei que minhas palavras são armas 

carregadas de perigo e de morte, 

pois eu enfrento a paz e a segurança 

e as leis mais enraizadas 

para as desenraizar, 

e por me haverem todos rejeitado 

mais resoluto sou

do que jamais poderia chegar a ser 

se todos me aceitassem,

eu não respeito e nunca respeitei 

experiência, conveniência, 

nem maiorias, nem o ridículo, 

e a ameaça do que chamam de inferno 

para mim nada é, ou muito pouco, 

meu camarada querido: eu confesso 

que o incitei a ir em frente comigo 

e que ainda o incito sem a mínima idéia 

de qual venha a ser o nosso destino 

ou se vamos sair vitoriosos 

ou totalmente sufocados e vencidos.