quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Nunca como hoje as grandes empresas deram tanto lucro

Nunca como hoje as grandes empresas deram tanto lucro. Neste período de apresentação de resultados, os números estão aí, vindos dos dois lados do Atlântico, a somar-se aos divulgados em Portugal. Exemplos concretos? O Citigroup anunciou um lucro recorde de 17 mil milhões de dólares em 2004; no mesmo período a Renault chegou aos 3,55 mil milhões de euros; e só no último trimestre de 2004, a petrolífera móbil ganhou 8,4 mil milhões de dólares.
A lista abrange a maioria das empresas cotadas em bolsa nos países industrializados, e os números são tão absurdamente enormes que escapam ao entendimento do comum dos mortais.
Apesar da crise apregoada, as empresas portuguesas participam activamente no concerto do lucro. Os supermercados declaram resultados líquidos que ultrapassam de longe os do ano anterior, os CTT pura e simplesmente duplicam os lucros, e os benefícios da EDP e dos bancos explodem para cima. Por seu turno, a Portugal Telecom, cujos lucros foram, em 2004, mais do dobro de 2003, vai «gastar» 250 milhões de euros para abater mil postos de trabalho», segundo noticia o Público.
Por todo o lado, a constante é a mesma, indecente e perversa: os lucros crescem ao mesmo ritmo que aumenta o desemprego.


(excerto do artigo de José Manuel Barata-Feyo, sob o título O Concerto do Lucro, publicado na Grande Reportagem, revista que acompanha o Jornal de Notícias e o Diáro de Notícias de 12 de Março de 2005)