Libertado pelos soviéticos em 27 de Janeiro de 1945, o campo de Auschwitz-Birkinau foi o mais importante centro de extermínio nazi. Neste complexo situado perto da cidade polaca de Oswieden, na região da alta silésia, perto de Cracóvia, foram mortos, segundo os historiadores, cerca de 1,1 milhões de pessoas, entre as quais 960.000 judeus, 75.000 polacos, 21.000 ciganos e 15.000 prisioneiros soviéticos.
O campo constituiu um verdadeiro pilar do sistema de morte industrial, projectada pelos nazis sob a conhecida fórmula da «solução final». Os outros campos de extermínio foram Treblinka ( 750.000 vitimas), Belzec (500.000), Sobibor (200.000), Chelmno (150.000), Majdanek (50.000).
Os historiadores indicam habitualmente que a «solução final» para a questão dos judeus foi oficialmente tomada em 20 de Janeiro de 1942 por ocasião da Conferência de Wannsee, perto de Berlim. É certo que o termo Endlosung (solução final) foi já empregue em 1939 para caracterizar um IIIe Reich Jundenrein ( limpo de judeus), mas a ideia da exterminação dos judeus só amadurece progressivamente, porque a ideia inicial dos nazis era a emigração forçada dos judeus, mas como não havia países disponíveis a tendência passou a ser a sua concentração em ghettos que, a breve trecho, também se mostrou inviável, pelo que o governo hitleriano se decidiu pela sua morte industrial.
Inicialmente, em Junho de 1940, Auschwitz era um pequeno campo de concentração para prisioneiros polacos, e mais tarde, para prisioneiros soviéticos. Em Dezembro de 1941 foi realizado o primeiros gazeamento-teste com o Zyklon-B (ácido cianídrico) sobre russos, considerados como comunistas fanáticos, assim como sobre doentes irrecuperáveis.
O comandante de Auschwitz, Rudolf Hoss, julgado e executado no pós-Guerra, conta nas suas memórias como foi informado por Himmler, chefe das SS, «que os centros de exterminação já existentes não estavam em condições de responder às grandes acções projectadas».
Nessas condições,e tendo em conta o facto de Auschwitz constituir um entroncamento de linhas ferroviárias, foi o local escolhido para ser o campo de concentração para onde passaram a convergir milhares de prisioneiros e deportados.
A mão-de-obra dos deportados do campo será utilizada para construir um segundo campo de a 3 km de distância, cujo objectivo declarado era justamente ser uma fábrica de morte industrial: foi o campo de extermínio de Birkeneu (Auschwitz II) inaugurado no mês de Outubro de 1941. Num terceiro campo, AuschwitzIII-Monowitz, será instalada a fábrica IG Farben
Auschwitz também ficou tristemente célebre pelas atrocidades médicas através das experiências do Dr.Mengele
Recorde-se que primeiro genocídio do século XX terá sido cometido na Turquia durante a I Grande Guerra contra a minoria arménia pelos Jovens Turcos que ansiavam pela homogeneidade nacional e viam esta como um instrumento de modernização.
O nazismo representa a barbárie aplicada mediante uma rigorosa tecnologia e segundo uma lógica de extermínio. Homens normais como o próprio doutor Mengele se podem transformar em monstros sob a tutela de um poder e de uma ideologia.
Alguns sites:
www.ushmm.org/wlc/en Holocaust Encyclopedia.
www.candles-museum.com Children of Auschwitz Nazi Deadly Lab Experiment Survivors Holocaust Museum.
www.bbc.co.uk/history/war/genocide/holocaust_overview_01.shtml BBC articles and background.
www.yadvashem.org - memorial do holocausto com uma base de dados sobre as 6 milhões de vítimas do Holocausto nazi.
Livros-testemunhos e ensaios sobre a barbárie dos campos de concentração nazis, em particular o de Auschwitz
- Se isto é um homem – de Primo Levi (há tradução portuguesa)
- A trégua – de Primo Levi
- Os náufragos e os salvados – ensaio de Primo Levi
- El llargo viaje – de Jorge Semprún, que esteve em Buchenwald
- A escrita ou a vida – Jorge Semprún
-A espécie humana – de Robert Antelme, comunista francês
- A noite – de Elie Wiesel
- Os diários (1931-1941) – de Victor Klemperer
- O coração pensante dos barracões – de Etty Hillesum
- O Diário de Anne Frank – Anne Frank
- Cartas desde os campos de concentração
- Para além da culpa e da expiação – ensaio de Jean Améry
- Um instante de silêncio junto ao paredão – ensaios de Imre Kertész
- Kaddish pelo filho não nascido – Imre Kertész
-Sociologia dos campos de concentração – de E. Kogon
- O Universo concentracionário - de David Rousset
- Auschwitz e depois – de Charlotte Delbo
-Mnima moralia – ensaio de Th Adorno
- Eichmann em Jerusalém – ensaio sobre a banalidade do mal de Hanna Arendt
-O problema da culpa – Karl Jaspers
-Massa e poder – uma aproximação à psicossociologia do hitlerismo,da autoria de Elias Canetti
- Os catalães nos campos de concentração – de Monserrat Roig
- O que resta de Auschwitz – de Giorgio Agamben
- Modernidade e Holocausto – de Z. Baumann
- A história fragmentada. Um ensaio sobre Auschwitz e os intelectuais – de E. Traverso
- Auschwitz, os nazis e a solução final – de Lawrence Rees
- Entre la mémoire et l’oubli – de Annette Wieviorka
- Déportation et Génocide – de Annete Wieviorka
- Sobre a história natural da destruição –W.G. Sebald
- A passo de caranguejo – de Gunter Grass
- O Incêndio – de Jorg Friedrich, sobre o sentido dos bombardeamento sobra as cidades alemãs
- Obras completas – de Paul Celan
- Fuga e tranformação – de Nelly Sachs
- São João - teatro de Max Aub
- A indagação – peça de Peter Weiss
- Himmelweg – de Juan Mayorga
Filmes:
- Shoah – de Claude Lanzmann
- Noite e neve – de Alain Resnais
- Holocausto – série de tv
- A lista de Schindler – de S. Spielberg