A greve geral de 18 de Janeiro de 1934 constituiu a derradeira tentativa para impedir a fascização dos sindicatos através do Estatuto do Trabalho Nacional. Na sua preparação conjugaram-se estruturas sindicais anarco-sindicalista (CGT), comunista (CIS) e socialista (FAO), bem como sindicatos autónomos.
Incidiu mais na zona de Lisboa, margem Sul, Marinha Grande - onde teve maior expressão - , Algarve, Coimbra e Leiria, com incidentes um pouco por todo o país. Aqui ficam algumas notas sobre o que ocorreu no distrito de Portalegre.
Nos preparativos da greve, deslocou-se ao distrito Carlos Faneco, socialista, da Federação das Associações Operarias, que manteve contactos em Portalegre e Campo Maior. Neste vila, foram presos 6 trabalhadores, quatro dos quais antigos dirigentes da Casa do Povo, associação ali fundada pelo Partido Socialista, que detinha forte influência local. O Diário de Noticias, que não indica os seus nomes, refere que foram levados para Elvas, mas não há notícia de terem sido remetidos para Lisboa, uma vez que nada consta do registo geral de presos da Polícia Política.
A única acção concreta teve lugar na noite de 18 para 19, no concelho de Elvas, com o corte das linhas telefónicas e a obstrução, com troncos de árvore, da estrada entre Vila Boim e Terrugem, por iniciativa de trabalhadores rurais anarco-sindicalistas. A PSP de Elvas procedeu a várias prisões em Vila Boim e Terrugem, sendo apreendidos, segundo o Diário de Notícias, «impressos contendo doutrinas subversivas». No dia 2 de Fevereiro, foram enviados para Lisboa, onde alguns foram julgados pelo tribunal Militar Especial . Manuel António dos Santos, de Vila Boim, foi condenado a 8 anos de degredo, 16 mil escudos de multa e 12 anos de perda de direitos políticos, seguiu para Angra do Heroísmo e foi libertado em 24-6-1940; João Ventura Travanca, de Vila Boim, foi condenado a 3 anos de prisão, multa de 3 mil escudos e perda de direitos políticos por 5 anos, seguiu para Angra do Heroísmo e foi libertado em 7-1-1937, ficando com residência fixa em Elvas; Manuel Luís Marques, de Vila Boim, foi condenado a 4 anos de prisão, 4 mil escudos de multa e perda de direitos políticos por 5 anos, seguiu para Angra do Heroísmo e foi libertado em 7-1-1937, ficando com residência fixa em Elvas; João Vicente Guerra, de Vila Boim, deu entrada no Forte de Peniche em 19-5-1934 e foi libertado em 22-1-1935; João Luís Cantarilha deu entrada no Forte de Peniche em 19-5-1934, foi condenado em 18 meses de prisão correccional e libertado em 27-7-1935; João Manuel Vinagre, natural de Vila Viçosa, foi condenado a 18 meses de prisão correccional e libertado em 27-7-1935.
Como a História tem rosto, aqui ficam as fotografias que consegui encontrar. Para que não fiquem esquecidos. Para mais, no momento em que vivemos,...
Por ordem, da esguerda para a direita e de cima para baixo: João Cantarrilha, João Ventura Travanca, João Vinagre, Manuel dos Santos e Manuel Marques.
Fonte; aqui