Em 1934, os trabalhadores organizados na na velha CGT/AIT fizeram uma greve geral insurreccional para derrubar Salazar, que tinha tomado o poder anos antes e tinha adoptado o fascismo como forma de poder ditatorial
A greve contra a fascização sindical teve particular impacto em Lisboa, Marinha Grande, Almada, Silves e outras localidades.
Na Marinha Grande foi ocupado o posto da GNR e organizado o soviete da vila.
O 18 de Janeiro de 1934 foi um dia histórico na história do movimento operário e da luta e resistência contra a Ditadura fascista de Salazar por ter sido nessa data que se registou um movimento grevista insurreccional operário e camponês contra a política salazarista de cerceamento das liberdades e direitos dos trabalhadores e das suas associações sindicais, e que visava igualmente o derrube daquele regime, movimento esse que teve impacte especial na Marinha Grande onde os operários vidreiros conseguir tomar a localidade, desafiando e resistindo às forças da repressão que foram lançadas contra os trabalhadores.
Todas as correntes do movimento operário participaram, destacando-se no entanto os militantes da CGT, a maior confederação sindical anarco-sindicalista durante o período da I República ( 1910-1926) e que ofereceu uma resistência persistente contra a fascistização dos sindicatos e da sociedade portuguesa, não obstante a repressão e a perseguição que se abateu sobre si e os seus dirigentes e militantes.
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Recorde-se que o movimento operário de 18 de Janeiro de 1934, foi uma acção desencadeada pelas organizações operárias contra a fascização dos sindicatos que a ditadura fascista de Salazar queria obrigatoriamente vincular ao sindicalismo fascista. Para isso havia sido elaborado o decreto 23.050 de Setembro de 1933, que obrigava à dissolução e encerramento dos Sindicatos Nacionais e à sua agregação compulsiva ao Corporativismo até ao dia 31 de Dezembro desse ano de 1933.
As Associações Sindicais de classe reagiram preparando uma greve geral. Secretamente, preparava-se também uma insurreição armada visando o derrube da ditadura, que viria a falhar, revestindo-se numa grave e pesada derrota para o operariado e suas organizações de classe.
Foi na Marinha Grande que o 18 de Janeiro de 1934 teve o seu expoente máximo, pelo cumprimento total das missões previamente atribuídas ao operariado local. Foi tomado o posta da Guarda Nacional Republicana, a estação dos Correios e a então ainda vila isolada por cortes das comunicações terrestres e telefónicas.
Embora efemeramente, os operários foram senhores absolutos da então ainda não cidade, tendo reaberto o seu sindicato.
Com a chegada de meios militares de Leiria, seriam derrotados, presos na Trafaria (margem esquerda do rio Tejo junto à sua foz) e, posteriormente,, deportados cerca de quarenta operários vidreiros, primeiro para Angra do Heroísmo (Açores) e alguns para o campo de concentração do Tarrafal, tristemente celebrizado por "campo da morte lenta" com processos trazidos da Alemanha fascista.
Desses deportados da Marinha Grande, três morreriam no degredo: António Guerra, Augusto Costa e Francisco da Cruz.
Nessa madrugada de 18 de Janeiro de 1934 deflagraram outros focos de rebelião contra o regime fascista, como o descarrilamento de um combóio em Santa Iria da Azóia (perto de Lisboa), rebentamento da central eléctrica de Coimbra e bombas em Silves (Algarve) e Barreiro (perto da Trafaria), em acções sem grande coordenação que provocaram centenas de prisões entre dirigentes associativos e sindicais