quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A má reputação

Nesta aldeia sem pretensão
Eu tenho má reputação
Maltrapilho ou engravatado
Acham que sou mal comportado.
Porém eu não faço nem mal nem bem
Nesta minha vida de zé-ninguém.
Mas que vida mais triste tenho
Querendo viver fora do rebanho. Sou insultado por toda a gente,
Menos p’los mudos – é evidente

Quando há festa nacional
Fico na cama, isso é fatal.
Porque a música militar
Nunca me fará levantar
Porém não me sinto nada culpado
Por não gostar de me ver fardado.
Mas os outros não gostam que eu siga um caminho sem ser o seu.
De dedo em riste todos me acusam
Salvo os manetas –porque o não usam

Quando vejo um ladrão sem sorte
Fugir dum chui que é bem mais forte, meto o pé e com uma rasteira
Lá vai o chui pela ribanceira.
Nenhum mal faço a quem bem come
Deixando escapar um ladrão com fome.
Mas na Guarda Nacional
Não acham isto natural.
Todos correm atrás de mim
Menos os coxos- seria o fim.

Nunca na vida fui profeta
Mas sei o fim que se projecta.
Vão-me atar a corda ao pescoço
P´ra me lançarem a um poço.
Porque me fecham nesta redoma?
Por o meu caminho não ir dar a Roma
Mas que vida mais triste tenho
Só por viver fora do rebanho.
Todos verão o meu funeral
Menos os cegos – é natural

Tradução de “Mauvaise Reputation” de Georges Brassens, por M. Correia, Luís Cília, inserido no disco deste último “Marginal”